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Estado de Minas SAÚDE

Especialista esclarece boato que associa mamografia a câncer de tireoide

Esse assunto está se espalhando nas redes sociais por meio de um vídeo


postado em 24/10/2016 12:33

Um vídeo que está circulando nas redes sociais e no WhatsApp diz que a mamografia e as radiografias dentárias seriam responsáveis pelo aumento de casos de câncer de tireoide(foto: YouTube/Reprodução)
Um vídeo que está circulando nas redes sociais e no WhatsApp diz que a mamografia e as radiografias dentárias seriam responsáveis pelo aumento de casos de câncer de tireoide (foto: YouTube/Reprodução)
Aproveitando a campanha Outubro Rosa, de prevenção do câncer de mama, um boato em forma de vídeo está circulando nas redes sociais e no aplicativo WhatsApp e está deixando muitas mulheres assustadas. Segundo a filmagem, uma mulher não identificada diz que os casos de câncer de tireoide estariam aumentando entre o público feminino devido à realização de mamografias e radiografias odontológicas. Ela associa essa "informação" ao médico Dáuzio Varella e também critica os profissionais de saúde que fazem esses exames, por supostamente não oferecerem aos pacientes os protetores de chumbo para a garganta, parte do corpo que abriga a glândula tireoide.

Confira, abaixo, o vídeo com o boato:


Para acabar com essa polêmica das redes sociais e que gerou dúvidas em muitas mulheres, o portal EBC conversou com o médico Arn Migowski, epidemiologista do Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Ele explica que a mamografia é um exame muito seguro, que não deve ser banalizada, sob o risco de favorecer o desenvolvimento de um câncer na mama. O médico também diz que o exame não aumenta o risco de câncer na tireoide.

"Isso é um mito. A dose de radiação que atinge a glândula tireoide durante a realização da mamografia é desprezível. A radiação da mamografia, apesar de muito baixa, deve ser controlada e monitorada e deve-se evitar o excesso desnecessário de mamografias de rotina, como ocorre em mulheres saudáveis que começam a ser rastreadas anualmente aos 40 anos ou antes, pois pode aumentar um pouco o risco de desenvolvimento do câncer de mama", explica Migowski.

O especialista esclarece que o número de casos de câncer na tireóide aumentou porque mais pessoas estão realizando diagnósticos da doença. "A principal causa é a prática de realizar 'check-up', ou seja, exames de rotina em pessoas assintomáticas. Dessa forma são descobertos cânceres que nunca dariam sintomas nem muito menos ameaçariam a vida da pessoa. Isso se chama sobrediagnóstico. Esse excesso de casos de câncer é geralmente tratado com cirurgia para retirada total ou parcial da tireoide", afirma o médico.

Como mostra Arn Migowski, nas últimas duas décadas, a disseminação do "check-up" com ultrassonografia de tireoide e punção por agulha não diminuiu a mortalidade por câncer de tireoide, mas aumentou em 15 vezes o número de casos diagnosticados na Coreia do Sul e dobrou esse número em países como Estados Unidos, Canadá, França, Itália, Austrália, China, Croácia, República Tcheca e Israel.

Já em relação à informação divulgada no boato de que os profissionais de saúde não oferecem proteção para a tireoide durante a mamografia, o epidemiologista do Inca é direto: "Por não ser necessário". Segundo o médico, o uso do protetor de chumbo, neste caso, pode prejudicar o resultado da mamografia, gerando sobreposição ou dificultando o posicionamento. "Isso pode gerar a necessidade de novas mamografias e isso sim aumenta desnecessariamente a dose de radiação para a mama", diz Migowski.

(com Portal EBC)

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