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Estado de Minas BEM-ESTAR

Pesquisadores descobrem que uva ajuda contra a doença de Chagas

O resveratrol presente na fruta é um excelente auxiliar para prevenir problemas no coração


postado em 17/01/2017 08:12

A uva é uma fruta rica em resveratrol, substância que ajuda a proteger o coração. Agora, descobriu-se que esse nutriente também ajuda a tratar a doença de Chagas(foto: Pixabay)
A uva é uma fruta rica em resveratrol, substância que ajuda a proteger o coração. Agora, descobriu-se que esse nutriente também ajuda a tratar a doença de Chagas (foto: Pixabay)
Conhecido pelo efeito protetor para o coração, o resveratrol pode ser a base de uma nova terapia para tratamento da doença de Chagas crônica, segundo estudo realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da Fiocruz, em conjunto com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Encontrada nas uvas – e, portanto, no suco dessas frutas e no vinho –, essa substância vem sendo estudada em relação a diversos problemas cardíacos.

Publicado na revista científica PLoS Pathogens, o trabalho, coordenado pela pesquisadora Claudia Neto Paiva, da UFRJ, mostra que o resveratrol foi capaz de recuperar funções cardíacas em camundongos. Este efeito benéfico foi observado mesmo com tratamento iniciado de forma tardia, quando os animais apresentam sinais clínicos. Além disso, a molécula reduziu a quantidade de Trypanosoma cruzi (causador da doença de Chagas) no organismo.

Considerando que o resveratrol é um suplemento alimentar, os cientistas entendem que a realização de ensaios clínicos para analisar o potencial do novo tratamento pode ocorrer num futuro próximo. "O resultado foi acima do esperado: as arritmias e a queda de capacidade de bombeamento do coração foram revertidas pelo tratamento. Ou seja, os animais apresentaram melhora em sua condição. Como o resveratrol é um suplemento alimentar, esperamos que ele possa ser logo testado em humanos", afirma Claudia Paiva.

De acordo com a pesquisadora Joseli Lannes-Vieira, chefe do Laboratório de Biologia das Interações do IOC e co-autora do estudo, ainda são necessários outros testes antes de avaliar a terapia em pacientes, mas o fato de o composto já ser considerado seguro é uma vantagem. "Atualmente, o tratamento da cardiopatia chagásica busca controlar os sintomas da doença, porém não consegue impedir sua progressão. No estudo, observamos que o resveratrol interrompeu o agravamento e, até mesmo, reverteu alterações graves", comemora a cientista da Fiocruz.

A doença de Chagas afeta entre seis e sete milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Muitos casos são descobertos apenas após anos de infecção, quando cerca de 30% dos pacientes já apresentam problemas cardíacos. Na fase crônica, pesquisas apontam que combater o protozoário não é suficiente para reverter as lesões no coração.

Resveratrol

Os testes foram realizados com camundongos considerados modelos de estudo da fase crônica que, após a infecção pelo T. cruzi, apresentavam sinais clínicos semelhantes a de pacientes nos estágios B1 e B2 da doença – quando os problemas cardíacos estão estabelecidos, mas ainda não há sinais de insuficiência cardíaca.

Além de impedir o agravamento da enfermidade, o resveratrol melhorou a frequência cardíaca e reduziu em 35% a ocorrência de arritmias e em quase 50% a presença de outros problemas de condução elétrica no coração. Em 30% dos casos, os animais passaram a apresentar resultados de eletrocardiograma normais após o tratamento. Exames ecocardiográficos também comprovaram que o resveratrol reverteu a dilatação do coração, recuperando a capacidade de bombeamento do sangue, o que foi observado mesmo quando a terapia começou de forma tardia.

Os pesquisadores atribuem os benefícios cardíacos à propriedade antioxidante da substância presente na uva. As análises mostraram que o resveratrol reduziu a quantidade de moléculas chamadas de "espécies reativas de oxigênio", que são produzidas pelas células cardíacas para combater o parasita. Quando esta produção atinge uma quantidade excessiva, ocorre um quadro conhecido como "estresse oxidativo", em que as próprias estruturas celulares são danificadas, prejudicando a função cardíaca.

(com Agência Fiocruz)

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