Publicidade

Estado de Minas BEM-ESTAR

Estudo comprova ação antioxidante e anti-inflamatória em cacto nordestino

A planta é encontrada em regiões do semiárido do nordeste


postado em 21/03/2017 12:55

Estudo da Embrapa descobriu que algumas plantas da família Cactaceae possuem função antioxidante e anti-inflamatória, graças aos compostos fenólicos e às betalaínas(foto: Samuel Portela/Embrapa/Divulgação)
Estudo da Embrapa descobriu que algumas plantas da família Cactaceae possuem função antioxidante e anti-inflamatória, graças aos compostos fenólicos e às betalaínas (foto: Samuel Portela/Embrapa/Divulgação)
Estudo conduzido pela Embrapa concluiu que plantas da família dos cactos que ocorrem no semiárido nordestino apresentam potencial como alimento funcional. A pesquisa avaliou a presença de compostos bioativos com função antioxidante e anti-inflamatória em algumas espécies da família Cactaceae. Os pesquisadores observaram a presença de substâncias com reconhecida atividade antioxidante como betalaínas e compostos fenólicos em partes da planta e dos frutos.

Para avaliar o potencial funcional das plantas, os pesquisadores induziram inflamação em macrófagos – células importantes na regulação da resposta imune – e observaram que na presença dos extratos de diferentes partes das cactáceas, a inflamação ou não se implanta ou, se implantada, não avança. A pesquisa foi realizada pela Embrapa em parceria com o Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba e a Texas A&M University.

Os compostos fenólicos e as betalaínas encontradas nas cactáceas apresentam reconhecida ação antioxidante. Os compostos fenólicos são estruturas químicas presentes nos tecidos vegetais relacionadas a diferentes aspectos das plantas como aroma, cor, adstringência e estabilidade oxidativa. Já as batalaínas são pigmentos naturais que variam de amarelados a avermelhados. "As betalaínas são quimicamente mais ativas que os compostos fenólicos. São mais eficientes como antioxidantes", explica Ricardo Elesbão, coordenador do estudo. O pesquisador lembra que algumas cactáceas apresentam frutos com coloração arroxeada como a beterraba, que é uma das mais ricas fontes de betalaínas na natureza.

O especialista esclarece que os compostos bioativos são, geralmente, metabólitos secundários relacionados aos sistemas de defesa das plantas contra a radiação ultravioleta ou as agressões de insetos ou patógenos.

Riqueza do semiárido

Conforme o pesquisador Ricardo Elesbão, da Embrapa Agroindústria Tropical, do Ceará, nos últimos anos, observou-se um maior interesse por diversas espécies de cactáceas não só pelo valor nutricional, mas por serem fontes de compostos como betalaínas e fenólicos, que estão relacionados à promoção da saúde.

Apesar do crescimento do interesse pelas cactáceas, as espécies de ocorrência no bioma caatinga ainda são pouco estudadas. "São plantas nativas ou exóticas adaptadas que podem apresentar novos usos e isso é muitas vezes desperdiçado", diz Elesbão. A ideia do pesquisador é caracterizar as plantas para estimular a produção e consumo de cactáceas como alimentos.

Outra possibilidade é a produção de suplementos alimentares. Mas, o cientista alerta que o consumo como alimento é mais vantajoso. Os compostos encontrados nas plantas podem ser isolados ou até obtidos sinteticamente, mas eles, sozinhos, podem não apresentar a mesma função observada em um alimento integral (fruto ou parte de uma planta), onde pode haver vários outros compostos associados que atuam de forma sinérgica. "Quando um composto é isolado, uma função específica, como a anti-inflamatória, pode ser reduzida ou ainda se perder", explica o pesquisador.

Ricardo Elesbão salienta que as cactáceas poderiam ser exploradas de forma sustentável em seus locais de ocorrência. Existem áreas extensas que podem ser conservadas com o aproveitamento extrativista de partes das plantas. "O açaí, por exemplo, até há pouquíssimo tempo, vinha todo de áreas nativas exploradas dessa forma", diz.

O pesquisador reforça que muitas cactáceas que não foram incluídas no estudo podem também apresentar propriedades funcionais. Para investigar o assunto, um novo projeto está sendo planejado pela Embrapa em parceria com algumas instituições de pesquisa e ensino. Ele salienta que estudos que avaliem o potencial funcional dessa família certamente poderão contribuir para a agregação de conhecimento e de valor às espécies, bem como aos biomas de ocorrência.

(com Agência Embrapa)

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade