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Estado de Minas MEIO-AMBIENTE

Nosso zoológico vai mudar?

Projeto de Lei apresentado na Câmara Municipal estabelece que espécies deixem de ser "escravizadas" na Pampulha. Proposta é criar Centro de Proteção à Vida Animal


postado em 02/12/2013 13:39 / atualizado em 02/12/2013 13:45

Confinados atrás das grades ou em ambientes que tentam reproduzir os lugares onde antes viviam, eles são observados por uma multidão curiosa. Crianças, adultos e idosos passam, acenam, reparam detalhes e ficam até com dó da cara triste que certos bichinhos fazem. Se para alguns são apenas animais selvagens criados em cativeiro, para outros são verdadeiros prisioneiros expostos como objetos em uma vitrine, apenas para a diversão dos humanos. Concordando com essa linha de pensamento, o vereador Leonardo Mattos (PV) decidiu apresentar o Projeto de Lei (PL) 87/13 para transformar o Jardim Zoológico em um Centro de Proteção à Vida Animal e, segundo ele, oferecer uma vida mais digna aos animais.

Para o vereador, nenhum animal deve ser utilizado para divertimento do homem. “Temos de rever nossos conceitos, pois já se sabe que eles não agem apenas por instinto, são dotados de sentimentos e inteligência”, ressalta. Para Mattos, a maioria dos zoológicos apenas confina os animais em celas minúsculas, gerando ainda um processo antipedagógico para a população. “Existem animais que morrem em pouco tempo de confinamento, e aquela área deveria servir para recuperação dos animais”, finaliza. O PL já foi aprovado por quatro comissões e aguarda para ser votado em primeiro turno no plenário.

Engajada e consciente: a arquiteta Cristina Saviotte-Wood, sempre envolvida em causas dos direitos dos animais, vê vantagens no projeto(foto: Pedro Nicoli/Encontro)
Engajada e consciente: a arquiteta Cristina Saviotte-Wood, sempre envolvida em causas dos direitos dos animais, vê vantagens no projeto (foto: Pedro Nicoli/Encontro)
Jorge Espeschit, ambientalista e presidente da Fundação Zoobotânica, explica que existem melhorias previstas pela administração. “O plano de investimentos propõe melhorias gerais, tanto na infraestrutura quanto nos espaços para pesquisas e no desenvolvimento da educação ambiental. Queremos nos tornar referência nacional e internacional em conservação e educação ambiental”, conclui.

A arquiteta Cristina Saviotte-Wood, de 33 anos, defende o projeto do vereador. “Não há como negar que esses espaços têm servido como locais educativos e de pesquisa. No entanto, acredito que as pessoas poderiam observar a vida selvagem na própria natureza, em locais protegidos, de preferência conhecendo a fauna local em parques nacionais próximos”, analisa. “Além do mais, muitos animais que vivem em zoológicos perderam suas habilidades, tendo seus hábitos selvagens alterados. Portanto, o zoológico não é o melhor lugar para se observar o comportamento animal”, conclui.

Fundado em 1959, originalmente projetado para receber um Golf Club, o Jardim Zoológico de BH ocupa uma área de 1,75 milhão m², sendo sua maior parte composta por cerrado preservado – a segunda maior área verde de BH, atrás apenas do parque das Mangabeiras. Juntamente com o Jardim Botânico, é administrado pela Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte, fundada em 1991 e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan), como parte do Conjunto Arquitetônico e Urbanístico da Pampulha. Recebe 1,3 milhão de pessoas por ano e, aos domingos, cerca de 20 mil.

Com a mudança, os animais só têm a ganhar, mas, procurada por Encontro, a direção do Jardim Zoológico não comentou o PL. Resta saber se, além dos leitores, eles também terão de esperar por uma resposta por muito tempo.


Medidas que devem ser tomadas caso o PL 87/13 seja aprovado:

  • Proibir espaços que tenham o único objetivo de ser “vitrines” de animais
  • Tratar animais silvestres apreendidos por órgãos ambientais e reinseri-los em seu hábitat
  • Propiciar a reprodução em cativeiro das espécies ameaçadas de extinção
  • Desenvolver estudos, pesquisas e programas educacionais relacionados à conservação da diversidade biológica

Saiba mais:


Endereço: av. Otacílio Negrão de Lima, 8.000
Funcionamento: terça-feira a domingo das 8h30 às 16h
Entrada: R$ 2 por visitante (terças a sábado) e R$ 4 (domingos e feriados)
Taxa de entrada para veículos (até nove passageiros): R$ 5 de terça a sábado e R$ 7 aos domingos e feriados. Exceção para ônibus de escolas públicas, de entidades de assistência social e de filantropia

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