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Estado de Minas NOVO VISUAL

Visual fashion para o Barro Preto

Ruas do tradicional polo de moda da capital devem ser revitalizadas, proporcionando conforto aos pedestres e atraindo mais clientes


postado em 21/01/2014 14:22

O asfalto e as calçadas irregulares, a longa fila de veículos estacionados e a disputa por espaço de moradores, consumidores e trabalhadores na rua Mato Grosso, entre as ruas Guajajaras e Goitacazes, vão ficar apenas na memória dos frequentadores de um dos mais tradicionais bairros de Belo Horizonte, o Barro Preto, na região Centro-Sul. A extinção de vagas de estacionamento, alargamento das calçadas, pavimentação do calçamento, instalação de bancos, novo projeto de iluminação e até a presença de uma passarela permanente para desfile prometem dar um novo visual à região. Essas mudanças integram o projeto de revitalização do Barro Preto, que, assim como a Savassi, ganhará novos ares após a reforma.

Com investimento de cerca de R$ 10 milhões, o projeto prevê melhorias em 20 trechos de ruas da região, privilegiando o conforto e a segurança dos pedestres, já que cerca de 300 mil pessoas circulam pelo bairro diariamente. As obras devem começar ainda em 2014 e terão duração aproximada de 16 meses, mas já estão sendo programadas para evitar problemas como os que ocorreram na região da Savassi, onde muitos comerciantes fecharam as portas cdevido à queda nas vendas.

Estão previstas a restauração das calçadas e adequação às normas de acessibilidade, criação de travessias elevadas nos cruzamentos de maior fluxo de pedestres, além de melhorias na iluminação, arborização, instalação de bancos para repouso, entre outras mudanças. Fausto Izac, diretor do Conselho CDL Barro Preto, explica que a ideia é dar uma caracterização fashion à região. Até os orelhões e as lixeiras, por exemplo, poderão ter um visual diferenciado.

Menos poluição visual: a paisagista e decoradora Geralda Maria Costta, moradora do bairro, acredita que obras vão melhorar a estética da região(foto: Paulo Márcio/Encontro)
Menos poluição visual: a paisagista e decoradora Geralda Maria Costta, moradora do bairro, acredita que obras vão melhorar a estética da região (foto: Paulo Márcio/Encontro)
“O glamour será maior se tiver essa caracterização fashion. O Barro Preto já é uma região bonita, mas vai entusiasmar ainda mais. A revitalização vai motivar os lojistas a investirem nos estabelecimento, no layout das vitrines”, afirma Izac, lembrando que outras obras, como as do centro da capital, na Praça Sete e na rua  Caetés, foram positivas para o comércio. “Futuramente, queremos transformar Belo Horizonte, onde há grandes estilistas,  na capital nacional da moda. Além do Barro Preto, temos o Prado e outras regiões. A moda de Minas é maravilhosa, reconhecida em todo lugar, sendo altamente geradora de emprego”, afirma Izac.

Lúcio Faria, vice-presidente da Fecomércio e presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de Tecidos, Vestuário e Armarinho de Belo Horizonte (Sincateva), conta que, há 12 anos, o bairro ganhou placas indicativas de polo da moda, mas depois disso não houve melhorias. Com a revitalização, a expectativa é de um lugar mais atrativo, tanto para os moradores quanto para clientes e lojistas. “Temos uma diversificação muito grande. É um shopping a céu aberto e que tem de ser mais bonito, mexer com a vaidade das pessoas. Com a Copa do Mundo, o Barro Preto será visto como o lugar para o turista comprar roupa, calçados e acessórios”, afirma.

Uma pesquisa realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), em setembro, revela que os lojistas estão otimistas com o novo projeto. Foram entrevistados 99 comerciantes, e 92,11% acham que a revitalização irá impactar positivamente as vendas.

Marco Polo Viriato Rolim, proprietário da marca Garotada, confecção infantojuvenil, é um dos lojistas que estão confiantes no projeto. Desde que saiu da Savassi para abrir uma loja no Barro Preto, há 19 anos, viu os negócios prosperarem. “O projeto é um pleito dos empresários do Barro Preto há 14 anos. Recebemos turistas de negócios do Brasil inteiro e precisamos ter um ambiente adequado para recebê-los. A reforma irá trazer uma identidade de moda para a região”, afirma.

Além do visual, a expectativa é de que a revitalização proporcione melhorias na economia da região. Marco Polo não tem dúvidas de que o impacto será positivo para todos os comerciantes. Com duas lojas da região, ele já está com um projeto para reformar uma delas e procura um novo espaço para abrir a terceira. “No pós-obras, cada lojista vai ter a preocupação de manter sua loja atualizada e bem cuidada. Moda é glamour, e o cliente quer se sentir encantado dentro da loja”, acredita.

Fernando Rabelo, proprietário das lojas Cláudia Rabelo: %u201CA nossa preocupação é que não aconteça aqui o que houve na Savassi%u201D(foto: Leo Araújo/Encontro)
Fernando Rabelo, proprietário das lojas Cláudia Rabelo: %u201CA nossa preocupação é que não aconteça aqui o que houve na Savassi%u201D (foto: Leo Araújo/Encontro)
Além dos comerciantes, moradores estão acompanhando o projeto de revitalização. Geralda Maria Costta, paisagista e decoradora, é uma delas. Há 27 anos ela decidiu morar no Barro Preto, por ser perto do centro, e diz que tomou a decisão certa. “Encontro tudo o que preciso no Barro Preto, lojas de marcas, mais populares, restaurantes”, conta. Mesmo reconhecendo que as obras podem causar transtorno, a paisagista apoia a reforma. “Vai ser muito bom para o bairro, não teremos mais tanta poluição visual e vai valorizar ainda mais o comércio”, afirma. Apesar do entusiasmo, Geralda tem algumas ressalvas. “Preocupo-me muito com a segurança e no próximo encontro quero sugerir a instalação de câmeras de segurança e a presença da polícia comunitária”, explica.

Jorge de Oliveira Santos, professor de artes plásticas, morador do Barro Preto há 40 anos, conta que tem o costume de andar a pé pelo bairro e percebe que o local precisa de melhorias. “Vai melhorar muito a região. O estacionamento (subterrâneo) será uma das grandes emoções positivas para o Barro Preto”, afirma. Jorge também gostaria de outras mudanças. “Seria ainda melhor se tivéssemos espaços artísticos, teatro, cinema e salas de artes”, conclui.

Fernando Rabelo, proprietário das lojas Cláudia Rabelo, confecção de jeans e moda feminina e masculina para atacadistas, está há 20 anos no Barro Preto, onde possui seis lojas. Para Rabelo, a tendência é de que a revitalização traga mais clientes. “Por ter essa fama de polo de moda, aqui é o lugar de comprar roupa para revender. Nossa preocupação é que não ocorra aqui o que houve na Savassi”, resume.

Clique na imagem para ver como ficará o Barro Preto
Clique na imagem para ver como ficará o Barro Preto
Nadim Donato, presidente do Sindilojas-BH, acrescenta que é fundamental o envolvimento de todos nas decisões.  “Ao mesmo tempo que existe a necessidade da obra, não podemos permitir que o lojista perca com isso”, afirma. Uma das iniciativas será a organização de eventos para o Natal, com a intenção de se fazer uma reserva financeira para possíveis prejuízos durante as obras.

Marcello Faulhaber, secretário municipal de Desenvolvimento, afirma que a prefeitura está adotando medidas para evitar prejuízos. “Vamos chamar as lideranças locais e decidir a logística das obras”, afirma. O fato é que ter um negócio no Barro Preto pode ser muito lucrativo. Especula-se que uma grande loja de departamento que está se instalando no local irá desembolsar R$ 500 mil para ter um ponto na Avenida Augusto de Lima e outros R$ 500 mil para a reforma.

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