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Estado de Minas BEM-ESTAR

Saber controlar a respiração pode amenizar até crises de pânico

Esse movimento involuntário do corpo, que nos mantêm vivos, pode ser controlado de forma consciente, e ajudar a alterar o estado emocional, minimizando, por exemplo, o estresse


postado em 12/09/2014 10:23

Na correria de cumprir todas as tarefas do cotidiano, além dos "abacaxis" que aparecem ao longo do dia, mal reparamos a forma como estamos respirando. Esse movimento automático que nos mantêm vivos, pode ser trabalhado, em toda a sua capacidade, para que funcione de forma a amenizar problemas psicológicos como a ansiedade, por meio do controle do estresse.

De acordo com o neurologista Marco Túlio Tanure, da Associação Médica de Minas Gerais, o estresse e a ansiedade causam aumento da frequência respiratória, bem como outras reações no corpo, tudo relacionado ao sistema nervoso. "Controlar não só a respiração, mas também os pensamentos de medo ajudam a contornar esses problemas, inclusive o próprio pânico. No estresse, a respiração tende a ser superficial e rápida. Portanto, devemos contornar a situação, respirando de forma mais profunda e, consequentemente, numa frequência menor", explica. Além disso, o médico ressalta que inspirar e expirar corretamente – usando somente o nariz e toda a musculatura respiratória – otimiza o processo da respiração, o que deixa as células mais supridas de nutrientes. "Os combustíveis básicos de nosso corpo são oxigênio e glicose. Logicamente, precisamos de outros 'aditivos', mas, basicamente, é com os dois que uma célula funciona", lembra.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 70% da população mundial respira de forma errada.  As pessoas que têm o hábito de respirar pela boca estão sujeitas a apresentar ronco e apneia do sono, alterações de paladar, olfato, mastigação, voz, postura corporal, menor rendimento físico, inflamações no ouvido e garganta, entre outros sintomas.

"Terapia da respiração"

A psicoterapeuta transpessoal Aidda Pustilnik conta que uma de suas alunas do curso sobre psiquismo, em que se aprende a desenvolver e ampliar a consciência por meio de exercícios respiratórios, conseguiu manter o controle emocional num momento de extremo estresse – era feita refém de assaltantes em sua própria casa –, usando apenas a respiração. "Ela e o marido se transformaram em reféns dos ladrões. Enquanto estavam acuados, sob estresse, ela praticou os exercícios de respiração, e conseguiu se manter calma, o que permitiu que usasse a razão para não fazer nada que irritasse os bandidos. O curioso é que minha aluna contou que quando os assaltantes estavam indo embora, um deles chegou a dizer que tinha fica surpreso com tamanha tranquilidade dos reféns".

Pustilnick explica que a respiração profunda, consciente, e que abrange todo o organismo, a mente passa a tomar "posse" do corpo. Assim, a pessoa se dá conta de tudo que está acontecendo e consegue escolher o melhor caminho a se seguir.  "Se eu 'aprendo' a me descontrolar, também posso 'aprender' a me centrar naquilo que sou, gerando o efeito calmante. E a respiração é a chave para que você chegue a essa meta", diz a psicoterapeuta.

Um bom exercício para "acalmar" a mente é expirar de forma a exalar todo o ar que está dentro do pulmão. "A base da respiração não é a inspiração. Isso é uma reação já automática do nosso corpo. Mas, expirar pode ser uma ação mais produtiva se conseguirmos tirar o ar 'velho' dos pulmões, de forma consciente", explica. O pulmão deve se encher de ar naturalmente, sem necessidade de se forçar a inspiração, e a mente deve estar focada no ato da respiração. Na hora de exalar por completo, sopre devagar e o máximo que puder. "Se fizer isso três vezes seguidas, já muda o metabolismo e o nosso estado emocional. Praticando todos os dias, antes de começar a trabalhar, por exemplo, já há uma redução no nível de estresse”, diz.

Quem experimentou essa verdadeira "terapia da respiração" é a jornalista Simone Castro, que afirma que depois de ter conhecido a importância desse ato em nosso dia a dia, até sua relação com os familiares mudou. "Hoje sou uma pessoa mais segura e muito mais assertiva nas minhas escolhas. A minha família percebeu a mudança, e nossa relação mudou. Temos mais serenidade para lidar com os desafios do cotidiano", conta.

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