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Estado de Minas OUTUBRO ROSA

Excesso de mamografias não ajuda contra o câncer

Essa é a afirmação de especialistas que participaram de uma audiência pública no Senado, e que são contra a ideia de que as mulheres devem se submeter ao diagnóstico como única forma de detecção da doença


postado em 17/10/2014 16:47 / atualizado em 17/10/2014 17:00

A qualidade da informação e o rastreamento e prevenção do câncer de mama por meio de mamografias foram discutidos numa audiência pública realizada pela Procuradoria Especial da Mulher no Senado. Os especialistas ouvidos deixaram claro que mulheres que estejam abaixo da faixa etária de 50 a 69 anos, que é a recomendada pelo Ministério da Saúde, devem ter moderação ao realizar o exame de mamografia – para evitar o acúmulo desnecessário de radiação no corpo.

De acordo com a médica Carolina Fuschino, da Sociedade Brasileira de Mastologia, o ideal é direcionar a realização das mamografias para a chamada faixa prioritária, na qual há maior impacto na diminuição da mortalidade, mas sem abandonar as outras. A partir dos 40 anos, algumas organizações médicas sugerem que se faça o exame para o chamado rastreamento – para mulheres com baixa probabilidade de desenvolvimento de tumores —, por que também há um impacto na mortalidade, embora menor.

"A mamografia não é um exame que não vai ter efeitos colaterais. Se você aumenta muito seu número ao longo da vida, a radiação a que a pessoa está se submetendo tem efeitos cumulativos. Não vai ter um impacto importante para surgimento de câncer, mas, a partir do momento em que você começa a fazer mais cedo, a radioatividade acumulada será ainda maior", explica a especialista.

A mudança de postura se deve, entre outros pontos, ao chamado "overdiagnóstico". De acordo com Arn Migowski, sanitarista, epidemiologista e tecnologista do Instituto Nacional de Câncer, muitos dos casos detectados num estágio bem inicial poderiam nem mesmo ter se desenvolvido e se tornado câncer. Além disso, pesquisas demonstram que, mesmo com o crescimento do diagnóstico precoce de tumores nas mamas, a sobrevida das mulheres não aumentou significativamente.

Na audiência foi apresentado um estudo canadense que acompanhou por 25 anos grupos de mulheres que se submeteram ao rastreamento por mamografia e outras que fizeram apenas o exame físico. A sobrevida, o tempo de vida e o risco de morte nos dois grupos foram idênticos, não houve diferença estatística importante.

Os médicos também refutaram a ideia de que o rastreamento se tornou inútil e concordaram que ele deve ser realizado após debate com o profissional de saúde, considerando malefícios e benefícios. Eles insistiram que a educação, a percepção corporal e uma vida saudável, com alimentação equilibrada, são essenciais para a saúde da mulher.

(com Agência Senado)

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