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Estado de Minas CIDADES

Capivaras estão com indícios da bactéria da febre maculosa

Hospedeira do carrapato estrela, que transmite a séria doença, as capivaras de BH têm gerado polêmica. Análise recente da Zoonoses de São Paulo encontrou vestígios da bactéria causadora do problema no sangue dos 46 animais analisados


postado em 26/11/2014 09:51 / atualizado em 26/11/2014 14:09

As capivaras da Pampulha eram uma verdadeira atração turística, mas quando a ameaça da febre maculosa surgiu, se tornaram um problema de saúde(foto: Tina Coelho/Esp. CB/D.A Press)
As capivaras da Pampulha eram uma verdadeira atração turística, mas quando a ameaça da febre maculosa surgiu, se tornaram um problema de saúde (foto: Tina Coelho/Esp. CB/D.A Press)
As reclamações sobre a circulação das capivaras no entorno da lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, são variadas. Já foram registrados acidentes de trânsito, os jardins de Burle Marx viraram refeição para os roedores e, mais recentemente, os animais se mostraram hospedeiros do carrapato estrela – transmissor da febre maculosa, que é uma doença grave.

No início deste ano, a Prefeitura de Belo Horizonte capturou 46 capivaras da lagoa para fazer exames sobre a presença da bactéria responsável pela febre maculosa, a Rickettsia rickettsii. As amostras de sangue foram enviadas para o laboratório da Zoonoses da cidade de São Paulo, e do total de indivíduos analisados, 28 apresentaram sorologia positiva para a doença.

Além do exame de sangue, o laboratório da Fundação Ezequiel Dias (Funed) recebeu amostras de carrapatos de 44 animais capturados (em outros dois não foram encontrados o aracnídeo). Até o momento, já foram liberados resultados de seis análises, e, destas, cinco apresentraram a presença de bactéria Rickettsia.

Agora, o futuro das capivaras infectadas vai depender de um protocolo a ser emitido pela secretaria de Saúde de Belo Horizonte. Enquanto isso, o secretário municipal de Meio Ambiente e vice-prefeito, Délio Malheiros, responsável pela captura e isolamento dos animais, prefere não se pronunciar oficialmente sobre o caso. Por sua vez, a secretaria de Saúde também afirmou que só vai se manifestar após a conclusão dos exames.

(foto: Editoria de Arte)
(foto: Editoria de Arte)


Exemplo de Viçosa

Quem já passou pelo mesmo entrave foi a Universidade Federal de Viçosa (UFV). A situação ficou insustentável quando os carrapatos das capivaras que viviam na mata do campus começaram a invadir os prédios.

O professor do departamento de Veterinária da UFV, Tarcízio Antônio Rego de Paula, realizou vasectomia nos machos e ligadura de trompas nas fêmeas, o que impediu novas gestações. O procedimento só precisou ser feito nos indivíduos dominantes. "Se houver um estudo prévio, pode-se mapear qual é o animal mais indicado para passar pela cirurgia. Não adianta fazer vasectomia em animal que não é dominante e não está em fase de reprodução", explica.

Em Belo Horizonte, a PBH cogita castrar ou remanejar os roedores para criadores comerciais (e serem abatidos com autorização do Ibama) ou para conservacionistas, como zoológicos. Soltar os bichos em outras áreas livres também é uma opção. Segundo o veterinário da UFV, é preciso saber se os roedores são hospedeiros dos carrapatos estrela antes de mudá-los de local para não disseminar o problema.

(foto: Marcos Michelin/EM/D. A Press)
(foto: Marcos Michelin/EM/D. A Press)

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