É preciso coragem para enfrentar uma máquina movimentando uma agulha sólida para cima e para baixo para perfurar a pele entre 50 e 3 mil vezes por minuto. A agulha penetra cerca de um milímetro na pele e ali deposita uma gota de tinta insolúvel a cada perfuração. O tatuador Jonny Armani e a professora circense Ana Mel Oliveira escolheram enfrentar a dor das agulhadas para mostrar o amor que sentem por Belo Horizonte. Ele tatuou suas raízes, ou seja, um conjunto de prédios que fica na região leste da cidade. Já a artista foi mais direta, escreveu "Belo Horizonte" de uma ponta a outra das costas.
"Fiz a tatuagem aos 15 anos, quando comecei a vivenciar melhor a cidade. Desde então, me encantam as formas de ocupação e reconfiguração de seus espaços públicos, que, muitas vezes, se reinventam em locais de encontro e cultura, como a praia da estação e o carnaval de rua", afirma Ana Oliveira. A professora tem quatro tattoos pelo corpo, mas segundo ela, a que homenageia BH é sua favorita. "Belo Horizonte representa isso para mim, um lugar de resistência à lógica da urbanização empreendedora, um lugar para se amar", conclui.
O tatuador Jonny Armani possui uma figura em seu corpo, que presta homenagem à região de Santa Tereza, Sagrada Família e Horto, onde passou sua infância. Mesmo com boa parte do corpo já tatuada, ele encontrou um espaço para dedicar às suas raízes. "As pessoas sempre têm curiosidade sobre as minhas tattoos e perguntam sobre os prédios no meu pescoço. Fiz isso há cinco anos. Doeu um pouco para fazer, porque foi no pescoço, mas valeu a pena. Também fiz a palavra Senai e uma engrenagem para homenagear essa parte da minha vida, pois estudei lá", lembra.
Ainda segundo ele, mais mineiros já mostraram seu amor por BH na pele. "Já vi gente que tatuou a igrejinha da Pampulha e que fez a silhueta da Serra do Curral. Fora as de futebol [Cruzeiro e Atlético] e a bandeira de Minas Gerais, que tatuo bastante", conta.