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Estado de Minas RELIGIÃO

"Tenho a sensação de que o meu pontificado vai ser breve"

Papa Francisco diz que seu papado não deverá durar mais de cinco anos. Teólogo analisa previsão do pontífice argentino


postado em 13/03/2015 17:47 / atualizado em 13/03/2015 17:59

(foto: Caio Gomez/CB/D.A Press)
(foto: Caio Gomez/CB/D.A Press)
O papa Francisco disse nesta sexta-feira, dia 13 de março, em entrevista divulgada no México e no período em que se completam dois anos de sua eleição, que tem a sensação de que o pontificado pode ser breve, de quatro ou cinco anos, mas desmentiu que se sinta "só e sem apoio".

Em entrevista à cadeia de televisão mexicana Televisa, divulgada integralmente pela Rádio Vaticano, Francisco respondeu sobre a possível duração do pontificado, que, tradicionalmente, é encerrado com a morte do papa ou com a renúncia. "Tenho a sensação de que o meu pontificado vai ser breve. Quatro ou cinco anos. Não sei. Ou dois ou três. Dois já se passaram. É uma sensação um pouco vaga que tenho, a de que o Senhor me escolheu para uma missão breve. Sobre isso, mantenho a possibilidade em aberto", explica.

Para ele, Bento XVI, que foi o primeiro papa em sete séculos a renunciar ao cargo, em fevereiro de 2013, abriu a porta para os papas eméritos. "Abriu uma porta institucional", destaca o argentino. Francisco, de 78 anos, não disse se pretende pedir demissão um dia. Declarações anteriores nesse sentido geraram críticas e fortes reações de teólogos conservadores. "Não me agrada muito, diz, sobre a ideia de fixar um limite, aos 80 anos, para o fim do papado. Segundo ele, ser papa "é uma graça especial".

À pergunta "gosta de ser papa?", Francisco respondeu sobriamente e sem entusiamo excessivo: "Não me desagrada". Lembrou que sempre detestou viajar e que é uma pessoa caseira. "A única coisa de que gostava era poder sair um dia, sem que ninguém me reconhecesse, e ir comer uma pizza".

"Não me sinto só. Sério que não", disse, em resposta a outra pergunta.

Em visita ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, em 2013, para Francisco foi aclamado pela população, e chegou a beijar a imagem de Nossa Senhora Aparecida, na visita ao santuário em São Paulo(foto: Ed Alves/CB/D.A Press)
Em visita ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, em 2013, para Francisco foi aclamado pela população, e chegou a beijar a imagem de Nossa Senhora Aparecida, na visita ao santuário em São Paulo (foto: Ed Alves/CB/D.A Press)


Cansaço

Para o filósofo Flávio Augusto Senra, professor do departamento de Ciências da Religião da PUC Minas, a renúncia de Bento XVI abriu uma nova etapa para a compreensão do pontificado. "Os demais bispos renunciam com 75 anos. Papa Francisco tem insistido desde o início que ele é o bispo de Roma, que é um dos títulos dados ao sumo pontífice", afirma.

A postura do alemão Joseph Ratzinger serve de parâmetro para que os papas se sintam à vontade para deixar o cargo, ainda mais quando chegam a uma idade mais avançada, e são vencidos pelo cansaço do corpo. "A primeira impressão que tenho da fala do papa Francisco está ligada à postura de Bento XVI. O papado não é uma tarefa para muitos anos. Tendo sido eleito na idade em que ele foi, é natural que um idoso pense na aposentadoria", explica o professor.

Além da questão pessoal, Flávio Senra lembra que o papa administra a Igreja e que as funções administrativas devem ser levadas em conta. Portanto, quando não se tem mais saúde ou capacidade, o melhor seria renunciar.

Sobre a dificuldade dos fiéis em aceitar a saída de um papa tão adorado como Francisco, o filósofo conta que assim como aconteceu com Bento XVI, a saudade será superada. "Eu penso que os fiéis, com o passar do tempo, assim como os bispos renunciam, vão se acostumar com a ideia de que, em algum momento, o bispo de Roma peça para encerrar seus trabalhos e abrir espaço para um novo papa. As pessoas boas também se cansam", completa Flávio.

(com Agência Brasil)

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