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Estado de Minas PATRIMÔNIO

Será que o antigo mercado de Santa Tereza vai virar Casa da África?

A ideia apresentada pelo prefeito Marcio Lacerda de transformar o espaço que fica no tradicional bairro de BH em um centro cultural africano não está agradando os moradores


postado em 01/04/2015 17:17

O antigo mercado distrital do bairro Santa Tereza está em desuso há oito anos e a destinação do espaço continua gerando polêmica(foto: Geraldo Goulart/Encontro)
O antigo mercado distrital do bairro Santa Tereza está em desuso há oito anos e a destinação do espaço continua gerando polêmica (foto: Geraldo Goulart/Encontro)
O destino do mercado distrital de Santa Tereza, na região leste de Belo Horizonte, segue indefinido. Durante evento em que o bairro recebeu o título de patrimônio histórico, no início de março, o prefeito Marcio Lacerda disse que o espaço seria transformado na "Casa da África". Na verdade, ele estava se referindo à criação do Centro de Referência da Cultura Negra, uma instituição destinada à celebração da cultura, da arte e da herança africana. No entanto, a ideia não agradou a maioria dos vizinhos ao local. A intenção das associações de bairro é dar outra destinação ao espaço.

O mercado distrital está desativado há oito anos. A Federação das Indústrias de Minas Gerais cogitou em transformar o local numa escola profissionalizante, mas, desistiu devido à insatisfação dos moradores. A boa notícia para a população é que a edificação foi incluída na lista da Proteção do Conjunto Urbano do bairro Santa Tereza, aprovada pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte. O novo capítulo do impasse é, agora, a possibilidade de se criar o Centro de Referência da Cultura Negra no antigo mercado.

Em entrevista coletiva à imprensa, no dia 21 de março, o prefeito Marcio Lacerda confirmou que ofereceu à embaixada do Senegal no Brasil, para a criação da chamada Casa da África: "Houve o interesse dos países da África negra de fazer, em BH, a Casa da África no Brasil. Acabei de assinar, nesta semana, uma carta para o embaixador do Senegal".

Segundo João Bosco Alves Queiroz, presidente da Associação Comunitária do bairro Santa Tereza, os moradores foram pegos de surpresa. "Não somos contra a proposta, mas, ficamos sabendo dessa informação por meio da imprensa. Primeiro, temos de nos reunir para ouvir a comunidade. O problema não está na Casa da África, e sim, na falta de diálogo com a Prefeitura de Belo Horizonte [PBH]", critica.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Fundação Municipal de Cultura garantiu que não existe um projeto concreto, mas que a PBH tem, sim, a intenção de promover o Centro de Referência da Cultura Negra, e considera interessante o espaço do antigo mercado distrital em Santa Tereza. Entretanto, a ideia será melhor desenvolvida e discutida não só com os moradores do bairro, mas, com toda a população de Belo Horizonte.

Representantes da cultura negra na capital mineira emitiram um manifesto no qual se mostram favoráveis à utilização do mercado. "O Centro de Referência da Cultura Negra de Belo Horizonte será um espaço de excelência para a produção material e simbólica das matrizes culturais afro-brasileiras, africanas e de outros povos constitutivos da identidade brasileira. Portanto, é fundamental o diálogo com a comunidade do bairro Santa Tereza, pois apoiamos a ideia de implantação do centro no mercado distrital. E precisamos do bairro para abraçar essa idéia junto conosco", diz a nota assinada pelo cônsul honorário do Senegal em BH, Ibrahima Gaye.

A ideia do presidente da Associação Comunitária do Santa Tereza é destinar o espaço a serviços que atendam a comunidade. "Já temos a ideia de utilizar o mercado para a construção de bancas de hortifrutigranjeiros, padarias, farmácia, caixas eletrônicos, espaços para reuniões, lanchonetes, equipamentos de academia, cursos profissionalizantes, programas de oficina de artesanato e outros serviços que sejam úteis aos moradores do bairro", defende o representante dos moradores.

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