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Estado de Minas SAÚDE

Estudo mostra que campanhas de vacinação não surtem tanto efeito

Segundo a pesquisa americana, pais preferem vacinar os filhos fora das datas oficiais, por não acreditarem na necessidade momentânea transmitida pelo governo


postado em 15/06/2015 09:14

No estudo americano publicado no Pediatrics, 93% dos médicos relataram que receberam ao menos um pedido dos pais para espaçar as imunizações de uma criança com menos de dois anos(foto: Pixabay)
No estudo americano publicado no Pediatrics, 93% dos médicos relataram que receberam ao menos um pedido dos pais para espaçar as imunizações de uma criança com menos de dois anos (foto: Pixabay)
Muitos pais perguntam aos pediatras se podem "pular, alternar ou juntar as vacinas" das crianças, ao invés de seguir o esquema de imunização recomendado pelo governo. É o que revela um estudo, publicado no jornal americano Pediatrics, especializado no assunto. E o mais curioso: a maioria dos médicos concorda com o pedido, mesmo aqueles que acreditam que "os atrasos ou as adaptações" podem colocar as crianças em risco de doenças evitáveis e tornar a experiência mais dolorosa.

O estudo traz dados muito interessantes sobre a imunização. Apenas cerca de 3% dos pais realmente se recusa a vacinar seus filhos. Mas, há um número crescente de pais pedindo para fazer "adaptações" ao cronograma de vacinação. "Segundo Allison Kempe, autor do estudo, ele esperava encontrar esaas solicitações dos pais, mas não tão frequentemente quanto os dados com os quais se deparou: mais de 20% dos médicos disseram que 10% ou mais de sua clientela haviam pedido para alterar a data das vacinas", conta o pediatra e homeopata Moises Chencinski.

Para a realização da pesquisa, Kempe e sua equipe enviaram questionários a 815 pediatras e médicos de família, em todos os estados americanos, no ano de 2012. Eles receberam 534 respostas. No geral, 93% dos médicos relataram pelo menos um pedido dos pais para espaçar as imunizações de uma criança com menos de dois anos de idade, e 21% dos profissionais disseram que pelo menos 10% das famílias fizeram essa solicitação.

O estudo polêmico aparece justamente quando os americanos estão envolvidos numa batalha contra um surto de sarampo que infectou 154 pessoas de 17 estados, desde o dia 20 de fevereiro deste ano. O surto está ligado à Disneylândia, na Califórnia.

Adiar ou não?

Segundo Chencinski, "os médicos disseram que os pais tinham uma variedade de razões para se desviarem do esquema de vacinação recomendado, incluindo preocupações sobre complicações, e uma crença de que seus filhos não teriam uma doença evitável por vacina".

A maioria dos médicos que respondeu à pesquisa considera que não é ideal que a criança seja vacinada fora do tempo recomendado, mas concorda com os desejos dos pais. A percentagem de médicos que muitas vezes ou sempre concorda em espaçar as vacinas além do recomendado quase triplicou, de 13% em uma pesquisa similar de 2009, para 37% no estudo atual.

"Já abordamos, anteriormente, as dificuldades de comunicar aos pais os benefícios da vacinação. Dar a eles novas informações pode provocar mais resistência a vacinar uma criança no futuro? Parece que sim. A razão exata para esse fenômeno não é clara. Para lidar com esta situação delicada, os estrategistas de saúde pública terão que ter em mente, em relação às vacinas, que há uma série de razões para os pais optarem por não vacinar os filhos", defende Moises Chencinski, que também é membro do departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Mesmo diante de resistências aqui e ali, no Brasil, de uma maneira geral, as taxas de vacinação atualmente são altas. "Todas as estratégias e os esforços de comunicação devem se concentrar em manter estes números e não levantar mais preocupações sobre a vacinação. Dada a gama de grupos com algum impulso contra a vacinação, provavelmente não seja simples encontrar uma forma eficaz para todos os pais. Há mensagens que realmente não funcionam, mas, sempre podemos nos empenhar em desenvolver estratégias que elevem as taxas de vacinação", afirma Chencinski.

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