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Estado de Minas SAÚDE

Células-tronco também podem ajudar crianças com lábio leporino

A nova técnica está sendo testada no Brasil e deve substituir o enxerto ósseo, que causa mais dores e tem um longo tempo de recuperação do paciente


postado em 05/11/2015 08:29 / atualizado em 05/11/2015 08:03

O encontro do canal respiratório com a boca gera o chamado lábio leporino, que, segundo pesquisa brasileira, poderá ser tratado com o uso de células-tronco(foto: YouTube/Reprodução)
O encontro do canal respiratório com a boca gera o chamado lábio leporino, que, segundo pesquisa brasileira, poderá ser tratado com o uso de células-tronco (foto: YouTube/Reprodução)
O uso de células-tronco extraídas a partir da polpa do dente de leite, para tratamentos de malformação congênita, como lábio leporino, está em fase de testes. Pode ser uma esperança para inúmeras crianças que sofrem problemas de convívio devido à aparência.

Descoberto pela pesquisadora Daniela Bueno, do Instituto de Ensino e Pesquisa do hospital Sírio-Libanês, o uso de células-tronco associado a biomateriais tem apresentado ótimos resultados em crianças com malformações do céu da boca e do lábio. A técnica, que dispensa a retirada de uma parte do osso da bacia – que é o procedimento mais utilizados nos hospitais –, reduz dores com o pós-operatório e estimula a formação óssea em até seis meses, como explica a cientista.

"Na maioria das vezes, precisamos retirar uma grande quantidade de material ósseo para fazer o enxerto e nem sempre a criança tem disponibilidade para fornecer esse material. Com a nova técnica, conseguimos realizar o procedimento ainda aos 8 anos de idade, uma vez que os dentes de leite costumam cair entre os 6 e 12 anos", aponta Daniela.

De acordo com a pesquisadora, o procedimento consiste basicamente no enriquecimento do biomaterial utilizado para formação óssea, com as células-tronco extraídas do próprio dente de leite da criança. Hoje, são necessárias pelo menos três cirurgias para que a fissura labiopalatina (que gera o lábio leporino) seja fechada, impedindo o encontro do canal respiratório com a boca.

"Enxertamos biomaterial com e sem células-troncos em voluntários, que concordaram em participar do projeto. Dessa forma, conseguimos constatar que as crianças que receberam o biomaterial enriquecido tiveram a formação do osso do palato completo em seis meses", diz o cirurgião plástico Diógenes Laercio Rocha, do hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Ainda de acordo com o médico, a escolha pelas células-tronco extraídas do dente de leite se dá pelo fato de terem enorme capacidade de replicação, dando origem a uma grande quantidade de células idênticas. Além disso, elas são capazes de formar diversos tecidos humanos, como músculo, cartilagem, entre outros tecidos. O que não acontece com o material proveniente do cordão umbilical, que pode apenas ser utilizado em tratamentos de doenças sanguíneas.

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