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Estado de Minas COMPORTAMENTO

'Alisa não, Mãe!': fotógrafa mineira cria projeto contra o racismo

Na luta contra o preconceito, ela convida mães e filhas para serem fotografadas com o cabelo natural


postado em 03/02/2016 15:27 / atualizado em 03/02/2016 17:38

Jovem posa para o projeto Alisa Não, Mãe!, da fotógrafa mineira Carolina Castro, que pretende combater o racismo ao mostrar cabelos naturais, sem alisamento(foto: Facebook/carolinacastrofoto/Reprodução)
Jovem posa para o projeto Alisa Não, Mãe!, da fotógrafa mineira Carolina Castro, que pretende combater o racismo ao mostrar cabelos naturais, sem alisamento (foto: Facebook/carolinacastrofoto/Reprodução)
"Acredito que a fotografia tem o poder de propagar coisas boas". Assim a fotógrafa mineira Carolina Castro justifica a criação do projeto Alisa Não, Mãe!. A ideia da artista é registrar mulheres com o cabelo natural, ou seja, que não tenha sofrido nenhum processo de alisamento. As imagens são divulgadas no Facebook.

A fotógrafa explica que a iniciativa surgiu quando uma pessoa próxima a ela revelou que não gostava dos cabelos crespos da filha. "Ela me disse que sofreu com o racismo quando era criança, e não queria que o mesmo acontecesse com a filha", conta Carolina Castro. "A partir desse momento, eu tinha certeza de que ela iria alisar o cabelo da filha assim que pudesse. Entendi o sentimento dela, mas precisava fazer algo a respeito, porque sabia que aquela criança não seria a única a sofrer preconceito por causa do cabelo", completa.

Grupos que incentivam as mulheres a deixarem seus cabelos naturais, no Facebook, também inspiraram Carolina Castro a criar o projeto Alisa Não, Mãe!. Segundo ela, as imagens postadas na rede social foram um grande incentivo. "As mulheres publicavam fotos no estilo 'antes e depois', comparando imagens dos cabelos alisados e dos naturais. Percebi que elas eram infinitamente mais bonitas sem alisamento", comenta a artista mineira.

Para selecionar as meninas para os primeiros ensaios, a fotógrafa, que mora em Araxá (MG), acabou recorrendo aos amigos. "Pedi uma pessoa influente aqui na cidade para me ajudar na busca. A única exigência para ser fotografada era ter os cabelos crespos, cacheados, trançados ou afro", explica Carolina Castro.


No primeiro ensaio do projeto, foram fotografadas seis meninas. A artista conta que a ideia era simplesmente presenteá-las com as imagens e dizer o quanto eram belas com os cabelos naturais. Segundo ela, não houve nenhum tipo de produção e as meninas foram fotografadas com suas próprias roupas. As imagens foram publicadas na página da fotógrafa no Facebook e logo se espalharam pela rede social. O álbum do projeto, que possui 32 fotos, já ganhou mais de 4 mil likes e quase 2,2 mil compartilhamentos.

Apesar do sucesso, Carolina diz que essa não era a intenção: "Sempre quis que minha fotografia fosse mais que algo comercial. Sabia que poderia aumentar a autoestima; valorizar, refletir e representar a beleza. O racismo é um problema enorme, mas me sinto feliz por conseguir fazer minha parte e ajudar as pessoas, mesmo que poucas".

A iniciativa da fotógrafa mineira é retribuída com comentários emocionantes no Facebook. "Me sinto orgulhosa por ter vivido o sorriso de cada uma dessas meninas. Esse projeto é lindo, só tenho a agradecer. Espero que alcance milhares de meninas, e que cada mãe se sinta orgulhosa como eu estou me sentindo", escreve a mãe de uma das meninas fotografadas.

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