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Estado de Minas SAÚDE

ONG holandesa causa polêmica ao incentivar brasileiras a abortar

A organização está incentivando as grávidas que podem contrair o zika vírus a interromper a gravidez devido ao risco do bebê ter microcefalia


postado em 05/02/2016 08:21 / atualizado em 05/02/2016 14:04

Site da ONG holandesa Women on Web que está incentivando as brasileiras a fazerem aborto em caso de risco de contrair o zika vírus(foto: Womenonweb.org/Reprodução)
Site da ONG holandesa Women on Web que está incentivando as brasileiras a fazerem aborto em caso de risco de contrair o zika vírus (foto: Womenonweb.org/Reprodução)
A epidemia de zika vírus no Brasil tem gerado cada vez mais repercussão internacional. Após organizações de saúde de várias partes do mundo recomendarem que as grávidas não visitem o país – pelo risco do feto nascer com microcefalia, que pode ser causada pela doença –, uma ONG holandesa, que é conhecida por defender o aborto, passou a incentivar as brasileiras a interromperem a gravidez, inclusive oferecendo pílulas para a realização do procedimento.

A organização Women on Web, que se posiciona como uma "comunidade digital de mulheres e outros indivíduos que apoiam o aborto", é conhecida por oferecer pílulas abortivas a diversas partes do mundo, por meio de uma simples solicitação em seu site. As mulheres interessadas precisam apenas realizar um cadastro e participar de uma consulta online. Após esse procedimento, os medicamentos são enviados para o endereço cadastrado.

Na página que consta o processo de solicitação das pílulas, a Women on Web publica um recado específico para as mulheres brasileiras, dizendo que, por causa do zika vírus, os medicamentos passariam a ser enviados para o Brasil, porém, correndo risco de serem retidos na Receita Federal. A ONG chega a recomendar que as brasileiras informem endereços em outros países sulamericanos, aptos a receber os pacotes. "Sentimos muito não poder ajudar de outra forma", diz o comunicado no site.

Zika vírus e microcefalia

Estudos realizados pelo Ministério da Saúde comprovaram a relação direta entre casos de microcefalia e do zika vírus. No entanto, o órgão concluiu que somente há risco do feto desenvolver o problema se a mãe for infectada pelo vírus nos três primeiros meses de gravidez.

Perigo

De acordo com Cláudia Laranjeira, diretora científica da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais, as mulheres que fazem aborto por conta própria correm um enorme risco. "Tentativas de aborto por meio de medicamentos podem falhar e, consequentemente, causar infecções, hemorragias, má formação no feto, perda do útero e, até mesmo, levar a mulher à morte", alerta a especialista.

O site da ONG Women on Web informa que os medicamentos oferecidos contém as substâncias mifepristona e misoprostol. Como explica a ginecologista Cláudia Laranjeira, essa combinação é, de fato, abortiva, mas muito perigosa. "É uma mistura de hormônios e medicamentos que induzem as contrações, provocando, assim, o aborto. Porém, as doses podem não ser suficientes para concluir o procedimento, causando sérias complicações", diz.

Crime

Além de ser arriscado, o aborto é crime previsto nos artigos 124, 125 e 126 do Código Penal Brasileiro, exceto em casos de anencefalia – fetos que foram diagnosticados sem cérebro ou sem partes do órgão. Mesmo assim, nesse caso, o procedimento deve ser realizado por um médico.

A pena para quem pratica aborto, incluindo a gestante, pode variar de um a 20 anos de reclusão.

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