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Estado de Minas MINAS

Três meses após tragédia de Mariana, recuperação do rio Doce ainda não começou, diz ativista

Segundo representante da SOS Mata Atlântica, só foram feitas medidas paliativas


postado em 05/02/2016 10:23

O rompimento da barragem do Fundão, da Samarco, em Mariana (MG), deixou um estrago ambiental de 650 km ao longo do rio Doce(foto: Antonio Cruz/Arquivo Agência Brasil/Divulgação)
O rompimento da barragem do Fundão, da Samarco, em Mariana (MG), deixou um estrago ambiental de 650 km ao longo do rio Doce (foto: Antonio Cruz/Arquivo Agência Brasil/Divulgação)
Em 5 de novembro de 2015, o Brasil viu o maior acidente ambiental de sua história. A barragem do Fundão, na região de Mariana, em Minas Gerais, se rompeu, espalhando enorme quantidade de lama e rejeitos de mineração. O acidente matou 17 pessoas e devastou o distrito de Bento Rodrigues, que praticamente desapareceu coberto pela lama tóxica. Repleta de metais, essa lama contaminou cerca de 650 quilômetros de rios entre Minas Gerais e o Espírito Santo, chegando até o mar.

Três meses depois do acidente, a Samarco Mineração, empresa responsável pela tragédia, se vê envolvida em questões ambientais. Até agora, foram feitos acordos com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) no Espírito Santo envolvendo indenização de vítimas, de populações ribeirinhas e trabalhadores da empresa. A Polícia Federal, por sua vez, indiciou a Samarco e suas controladoras por crime ambiental.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aplicou multas à Samarco que totalizam R$ 250 milhões. "Foram considerados os danos ambientais resultantes do desastre, especialmente os que afetaram bens da União, como rios federais. Como a mancha continua se deslocando pelo rio Doce em direção ao oceano, outros autos poderão ser lavrados", disse o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Evaristo, em novembro do ano passado.

A justiça determinou, no fim do ano passado, que a Samarco, além da Vale e da BHP Billiton – controladoras da mineradora – fizessem um depósito de R$ 20 bilhões para custear programas ambientais e sociais de recuperação da bacia ao longo de 10 anos. Na quarta-feira, dia 3 de fevereiro, no entanto, as empresas pediram adiamento do prazo do primeiro depósito, de R$ 2 milhões.

O rio Doce e seus afluentes, atingidos diretamente pelo desastre, foram completamente contaminados pela lama. Para a coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, a empresa ainda está tomando medidas emergenciais quanto à qualidade da água, quando já deveria estar na fase de recuperação das reservas naturais.

"As alternativas apresentadas até agora foram paliativas, medidas emergenciais. A gente já chegou a 90 dias, não é mais tempo de medida emergencial. É para ser executado um plano de recuperação e o que temos visto são medidas paliativas", diz. Para ela, a empresa precisa retirar a lama que se acumula no rio para iniciar o processo de recuperação das águas.

"Estão deixando que a natureza faça o serviço de descontaminação. Eles têm que retirar essa lama que está no leito do rio, senão cada vez que chover haverá nova contaminação da água, que é essencial para toda a bacia", critica a ativista.

(com Agência Brasil)

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