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Estado de Minas CURIOSIDADE

Bailarina 'ciborgue' cria coreografias a partir de terremotos

A artista Moon Ribas implantou um chip no corpo que reproduz os sismos que acontecem no mundo, diariamente


postado em 23/05/2016 12:10 / atualizado em 23/05/2016 14:06

A bailarina catalã Moon Ribas implantou um chip no próprio braço para sentir os terremotos que acontecem no mundo e transformá-los em coreografia(foto: Facebook/Moon-Ribas-1477778685815152/Reprodução)
A bailarina catalã Moon Ribas implantou um chip no próprio braço para sentir os terremotos que acontecem no mundo e transformá-los em coreografia (foto: Facebook/Moon-Ribas-1477778685815152/Reprodução)
Em 2013, a bailarina, coreógrafa contemporânea e ativista catalã Moon Ribas decidiu criar um chip capaz de reproduzir todos os abalos sísmicos que são registrados diariamente no mundo. Durante seus estudos na Escola de Desenvolvimento de Novas Danças, da Theatreschool de Amsterdã, na Holanda, ela implantou o chip no próprio cotovelo, e passou a usar os sinais dos terremotos como fios condutores de suas coreografias.

Os abalos sísmicos que refletem no corpo de Moon Ribas, em diferentes magnitudes, logo se transformaram na performance Waiting for Earthquakes (Esperando por Terremotos, em tradução livre). A artista lembra que a dança é originária do próprio movimento da Terra, e que na ausência de sismos, também se encerra a performance. "Suponho que, além da arte, é como um convite a escutar o planeta. É uma sensibilização, algo mais forte. Como sensibilizar as pessoas de que ele está vivo e que, muitas vezes, não nos damos conta", comenta Ribas, em entrevista ao site da agência de notícias russa Sputnik.

A bailarina catalã vivenciou no corpo o terremoto de magnitude 7,3 que abalou o Nepal, em maio de 2015, e também o recente sismo de 7,8 graus na escala Richter, que deixou 659 mortos no Equador, em abril deste ano. "Quando esses terremotos afetam as vidas das pessoas, então, adquiro um sentimento muito estranho, porque esse sentido me une não apenas ao planeta, mas também a outras pessoas. Quando houve no Nepal, por exemplo, me sentia como se estivesse lá, porque sentia o terremoto. Agora, não apenas sei que o planeta é um organismo vivo, mas também o sinto", explica Moon Ribas.
Moon Ribas implantou o chip no próprio braço em 2013. A partir daí, virou defensora das
Moon Ribas implantou o chip no próprio braço em 2013. A partir daí, virou defensora das "causas" ciborgues (foto: Instagram/moonribas/Reprodução)

A coreógrafa é ativista do movimento ciborgue. Ela acredita que, no futuro, assim como ela, as pessoas vão implantar chips no corpo, para aguçar os sentidos ou gerar novas percepções. Ribas é um co-fundadora da Cyborg Foundation (Fundação Ciborgue), com sede em Nova Iorque (EUA). A intenção é ajudar a população a conviver com os indivíduos cibernéticos e também incentivar a "mecanização" da humanidade. Para isso, ela criou a empresa Cyborgness, que produz chips com sensores prontos para serem implantados nos seres humanos. "Normalmente, nós apoiamos que as pessoas encontrem o próprio sentido, a própria maneira de perceber o mundo. Mas, há pessoas que querem mais. Já tivemos propostas e, por isso, decidimos criar a Cyborgness. As pessoas poderão comprar sentidos e implantá-los. O primeiro que iremos vender é o 'sentido de norte', o de orientação espacial", diz Ribas ao site da Sputnik.

Questionada se ela se considera uma ciborgue, a resposta é clara: "Eu me considero ciborgue porque tenho a cibernética no meu corpo. Me sinto unida à cibernética. Não apenas fisicamente, mas também mentalmente. Tenho um novo sentido, criado mediante a união entre cibernética e o corpo humano". Para ela, é preciso acabar com o preconceito criaram em relação aos ciborgues. "Eu creio que minha geração e as gerações mais velhas tinham um preconceito, também presente nos filmes de ficção, de que a união entre humanos e a tecnologia era ruim. Mas, não tem que ser assim. Nós é que definimos como é essa união. Dependendo de como fazemos, pode nos unir ainda mais à natureza, a outros animais e a entender melhor onde vivemos. Creio que as gerações que estão vindo já não têm esses preconceitos, de que há tecnologias ruins", completa Moon Ribas.

(com Agência Sputnik)

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