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Estado de Minas SAÚDE

Procura por remédio abortivo cresce 108% no Brasil após casos de microcefalia

Segundo pesquisadores internacionais, microcefalia causada pelo zika vírus levou ao aumento significativo de pedidos desses medicamentos


postado em 23/06/2016 13:06

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
A procura por remédios abortivos dobrou na América Latina desde que as autoridades de saúde anunciaram os riscos de bebês nascerem com problemas caso as gestantes sejam infectadas pelo zika vírus. Essa informação consta de um artigo publicado em conjunto pela Universidade do Texas em Austin (EUA), pela ONG Women on Web (Mulheres na Internet), pela Universidade de Princeton (EUA) e pela Universidade de Cambridge (Inglaterra), no periódico científico New England Journal of Medicine, na quarta, dia 22 de junho.

"Nossos dados ajudaram a esclarecer como a preocupação com a infecção causada pelo zika vírus pode afetar a vida das mulheres grávidas na América Latina", diz o artigo científico. Os pesquisadores usaram informações liberadas pela ONG Women on Web, que possui um trabalho considerado polêmico: a organização não-governamental garante acesso de grávidas a remédios abortivos, especialmente para as que vivem em países cujas legislações impedem o aborto sem justificativa.

O estudo analisou os dados de pedidos de remédios abortivos antes e depois do dia 17 de novembro de 2015, data em que a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), que é vinculada à ONU, emitiu um alerta oficial sobre a possibilidade de bebês nascerem com microcefalia caso as gestantes tenham adquirido o zika vírus. O resultado foi alarmante em nove países latinoamericanos: Argentina, Brasil, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Honduras, Peru e Venezuela. Em todos esses lugares, o aborto sem decisão judicial ou que não se enquadra em situações específicas é totalmente proibido. O crescimento da demanda pela medicação proibida variou entre 20% e 108% nessas nove nações.

O país com o maior aumento no número de pedidos foi o Brasil. De acordo com o estudo internacional, as grávidas brasileiras, que haviam solicitado 581 remédios abortivos entre julho e outubro de 2015, fizeram 1.210 pedidos entre novembro do ano passado e o início de março de 2016.

Os pesquisadores lembram que o estudo não é uma comprovação científica de que o aumento da demanda por medicamentos abortivos esteja associado ao zika vírus. Porém, eles lembram que os países com maior número de pedidos desse tipo de remédio coincidem com os que tiveram a maior quantidade de mulheres que citaram o zika vírus como fator preponderante para o aborto.

(com Live Science)

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