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Estado de Minas JOGOS OLÍMPICOS

Por que os militares conquistaram quase todas as medalhas do Brasil na Rio 2016?

Especialista revela que falta dedicação dos atletas 'civis' para que nosso país melhore o desempenho nas Olimpíadas


postado em 22/08/2016 08:43 / atualizado em 23/08/2016 15:02

Os medalhistas de ouro no vôlei de praia Alison e Bruno treinam na estrutura das Forças Armadas. Por que os militares têm um desempenho tão extraordinário?(foto: Francisco Medeiros/ME/Divulgação)
Os medalhistas de ouro no vôlei de praia Alison e Bruno treinam na estrutura das Forças Armadas. Por que os militares têm um desempenho tão extraordinário? (foto: Francisco Medeiros/ME/Divulgação)
Das 19 medalhas que o Brasil conquistou nos Jogos Olímpicos do Rio de 2016, 13 foram conquistadas por atletas ligados às Forças Armadas. Eles não são militares de carreira, mas participam de um programa do Ministério da Defesa para atletas de alto rendimento. Com ajudam mensal de R$ 3,2 mil, eles podem utilizar as dependências do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para realizarem treinamentos.

O domínio dos atletas militares sobre os demais brasileiros, que não participam do programa das Forças Armadas, levanta um debate sobre a questão do incentivo aos esportes no país. Afinal, por que não somos uma potência olímpica? O problema é a falta de infraestrutura?

Para Kátia Lemos, professora da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG, o problema vai além de uma questão estrutural adequada para a prática esportiva. "Condições ideais de treino e uma boa equipe técnica são fundamentais para o esporte de alto rendimento, mas não é só isso que faz a diferença. Basta observar os atletas africanos, que dominam o atletismo, mas treinam em locais precários, com raras exceções", analisa a especialista.

A professora da UFMG explica que educação e cultura são os principais aspectos a serem observados quando o assunto é rendimento esportivo no Brasil.

Educação

Segundo Kátia Lemos, é necessária maior atenção ao esporte de base, ou seja, ao início da formação de um atleta, e isto deve partir das escolas. "A escola é um fator extremamente importante na educação esportiva. É preciso que sejam feitos investimentos para melhorar as instalações e capacitar os professores de educação física para identificar habilidades e despertar, nos alunos, o interesse por modalidades esportivas variadas", esclarece a especialista.

Cultura

Outro fator que impede o Brasil de obter melhores resultados nas competições esportivas internacionais está diretamente ligado a questões culturais do país, de acordo com a professora da UFMG. Ela reconhece o esforço e a dedicação dos atletas brasileios, mas explica que os que obtem os melhores resultados, geralmente, são os que estão dispostos a "pagar o preço". "Durante a minha carreira de professora e treinadora, por diversas vezes lidei com pessoas que não queriam treinar muitas horas seguidas ou aos finais de semana, por motivos fúteis", revela a especialista. "É uma característica típica dos brasileiros: inventar justificativas para tudo, inclusive para não se dedicar ao esporte", completa Kátia Lemos.

Apesar disso, a professora reforça que não se pode atribuir as derrotas do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de 2016 às questões culturais e educacionais. Segundo ela, cada situação precisa ser avaliada com cautela.

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