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Estado de Minas

Cães 'conversam' pelo olhar e sabem se estamos prestando atenção

Pesquisa comprova que, além de se comunicarem por meio do contato visual, os cachorros são sensíveis à resposta de seus tutores


postado em 05/10/2016 10:53

Segundo a pesquisa da USP, o contato visual com os donos faz toda a diferença para o aprendizado e
Segundo a pesquisa da USP, o contato visual com os donos faz toda a diferença para o aprendizado e "comunicação" dos cachorros (foto: Pixabay)
Como os cães passaram a conviver com humanos, especialmente em ambientes domésticos, estes animais desenvolveram, ao longo do tempo, habilidades comunicativas. Isso foi comprovado por uma pesquisa de comportamento animal feita na USP, que mostrou que os cachorros interagem com os donos por meio do olhar quando querem se comunicar, sendo, inclusive, sensíveis à atenção do "tutor". O resultado desse trabalho foi publicado em setembro na revista científica Plos One, da Public Library of Science, nos Estados Unidos.

A pesquisa analisou 22 duplas de cães e tutores voluntários e teve o objetivo de investigar a forma como os animais se comunicavam com os donos quando desejavam um determinado alimento. Segundo Carine Savalli Redigolo, autora do estudo realizado pelo Instituto de Psicologia da USP, o comportamento comunicativo dos cães por meio do olhar já era conhecido pela ciência, porém, a pesquisa queria aprofundar mais a investigação. "Queríamos entender se os animais seriam capazes de perceber se o seus tutores estavam prestando atenção neles quando solicitavam algo que desejavam", explica a pesquisadora.

O trabalho levou em conta uma situação em que o cão precisava da ajuda do tutor para alcançar uma comida saborosa, desejada por ele, mas que estava inacessível. "Normalmente, neste contexto, os cães mostram o que querem por meio de sinais comunicativos visuais olhando para o tutor, para a comida e, principalmente, alternando olhares entre o dono e a comida", diz Carine. Em alguns casos, segundo ela, os animais latem, mas este comportamento não apareceu na pesquisa, provavelmente porque as pessoas costumam repreender os cães quando há muito latido.

Carine Redigolo observou os cães e seus tutores em seis condições experimentais de 30 segundos, cada. Ora os donos se colocavam acessíveis para estabelecer o contato visual com os animais, ora permaneciam inacessíveis. Com isso, a pesquisadora da USP procurou medir o tempo e a frequência com que os cães olhavam para os tutores, para a comida e o número de alternância de olhares.

Comparadas as condições quanto à frequência e a duração do comportamento dos olhares, foi possível perceber que os animais se comunicavam menos quando os tutores estavam com a cabeça para cima ou para baixo do que quando eles se encontravam atentos aos pedidos de atenção. Ou seja, os cachorros davam mais indicação de que queriam a comida quando os tutores estavam olhando para eles.

A comunicação visual entre o ser humano e o cão é importante em vários contextos, principalmente para a realização de adestramentos e no reforço do vínculo afetivo de amizade do animal com as pessoas que vivem com ele. Quando aprendemos a olhar, analisar e compreender o comportamento dos animais, elos mais fortes são estabelecidos. Carine indica ainda que "se desejamos que os cães sejam mais comunicativos é necessário que haja maior interação com eles" e fazer dos momentos das refeições e das brincadeiras "oportunidades para reforçar essas habilidades".

(com Agência USP)

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