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Estado de Minas SAÚDE

Será que vale a pena guardar o sangue do cordão umbilical do bebê?

Apesar de ainda não serem muito usadas, as células-tronco do cordão umbilical podem ajudar contra doenças graves, incluindo hemofilia


postado em 09/01/2017 15:34

O uso de sangue do cordão umbilical, no Brasil, ainda é muito restrito. De acordo com a Anvisa, das 90 mil bolsas desse material armazenadas no país, em 2013, apenas duas foram usadas(foto: Pixabay)
O uso de sangue do cordão umbilical, no Brasil, ainda é muito restrito. De acordo com a Anvisa, das 90 mil bolsas desse material armazenadas no país, em 2013, apenas duas foram usadas (foto: Pixabay)
O sangue do cordão umbilical é rico em células-tronco. Se armazenado, na hora do nascimento do bebê, pode ser utilizado para tratar doenças hematológicas, como, por exemplo, hemofilia e outras disfunções do sistema de produção ou funcionamento das células do sangue. Apesar de haver grandes expectativas quanto à utilização desse material, o  Alfredo Mendrone, diretor da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), afirma que a única indicação precisa, absoluta e definida na literatura para a célula-tronco é no transplante de medula óssea. "Todas as outras utilizações, em regeneração de tecidos e em terapia celular, ainda são experimentais", explica o especialista.

De acordo com o diretor da ABHH, "no Brasil, os bancos privados de sangue de cordão têm alimentado um comércio baseado em propaganda enganosa, uma vez que vendem a ideia de que com esse ato é possível garantir qualidade de vida e salvamento em casos de doenças no futuro".

Por sua vez, a Cryopraxis, primeiro banco de sangue de cordão umbilical privado do país, esse conceito é uma generalização. "A Cryopraxis informa aos clientes sobre os usos reais e as pesquisas em andamento. Hoje em dia, tantos os clientes, como os médicos, estão melhor informados sobre as utilizações, pesquisas e possibilidades de utilizações futuras", defende Janaína Machado, gerente de Produção da empresa.

Na prática, são raros no mundo os relatos da realização de transplantes de sangue de cordão autólogo, ou seja, quando as células-tronco do próprio indivíduo são transplantadas para ele mesmo.

No Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), das mais de 90 mil bolsas de sangue de cordão umbilical e placentário armazenadas nos bancos privados, apenas duas foram empregadas para uso terapêutico, ao longo do ano de 2013. Se for considerado o retrospecto de 10 anos de armazenamento privado no Brasil, foram utilizadas para terapia 13 unidades – sendo cinco para uso do próprio bebê.

Uma alternativa à utilização de bancos privados é o armazenamento do sangue do cordão umbilical em bancos públicos. Nestes bancos, as células-tronco armazenadas são provenientes de doações voluntárias, que são realizadas de forma sigilosa e com o consentimento materno. Nos bancos públicos, as células poderão ser utilizadas por qualquer pessoa desde que haja compatibilidade. Em comparação aos bancos privados, a rede BrasilCord de bancos públicos distribuiu para transplante 29 bolsas, apenas nos anos de 2012 e 2013.

"Cada indivíduo tem a opção de armazenar para o próprio filho ou doar para um banco público. Os serviços não são concorrentes. Nas utilizações apresentadas no relatório da Anvisa, o que seria dos pacientes se os pais dos mesmos realmente tivessem acolhido a informação que este material não serve para nada, que é uma panaceia, que a possibilidade de uso é mínima? Para estas pessoas a possibilidade de uso foi de 100%", esclarece Janaína Machado.

(com Portal EBC)

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