Publicidade

Estado de Minas SAÚDE

Sabia que a febre amarela também pode causar problemas cardíacos?

Médico esclarece que raramente a doença afeta o coração, mas, neste caso, pode ser muito grave


postado em 17/02/2017 10:32

Apesar de não ser comum, a febre amarela, transmitida nas cidades pelo famoso Aedes aegypti, pode afetar o coração e, neste caso, segundo o especialista, costuma ser muito grave(foto: Pixabay)
Apesar de não ser comum, a febre amarela, transmitida nas cidades pelo famoso Aedes aegypti, pode afetar o coração e, neste caso, segundo o especialista, costuma ser muito grave (foto: Pixabay)
O ano mal começou e temos o pior surto de febre amarela já registrado no país. Tanto que, do início de janeiro até o momento, o Ministério da Saúde contabilizou um total de 243 casos confirmados e, impressionantes, 82 mortes. Tais índices, obtidos em pouco mais de um mês, comprovam a gravidade da doença que, embora usualmente evolua para resolução espontânea em cerca de 10 dias, pode representar grandes riscos à saúde. Afinal, logo após o contágio, a infecção afeta diferentes órgãos do corpo, entre os quais estão alguns de importância vital, como o coração. "São raros os casos em que a febre amarela afeta o coração. Porém, quando atinge este órgão, a doença pode levar a óbito, mesmo que o paciente infectado jamais tenha apresentado qualquer tipo de cardiopatia antes de contraí-la", alerta Dewton de Moraes Vasconcelos, imunologista do Hospital do Coração de São Paulo.

O médico explica que, nos casos em que acomete o sistema cardíaco, o vírus causador da febre amarela pode provocar miocardite (inflamação do músculo cardíaco), eventualmente, seguida por quadros súbitos de insuficiência cardíaca. Além disso, a doença pode afetar terminações nervosas do coração e desencadear arritmias. "Por isso, os moradores das áreas de maior risco de contágio da doença devem ficar atentos e procurar auxílio médico o quanto antes, caso apresentem sintomas de alguma destas complicações", recomenda o especialista. "Quanto antes o socorro chegar, maiores são as chances de evitar eventos fatais ou mesmo sequelas que possam comprometer o funcionamento do coração no futuro", afirma o imunologista, lembrando que, em casos de distúrbios cardíacos motivados por febre amarela, o paciente deve ser prontamente levado a um serviço de emergência com suporte cardiológico avançado que possa tratar arritmias ou uma eventual falência cardíaca.

Sintomas

De acordo com o Dewton Vasconcelos, os sintomas mais comuns de problemas cardíacos relacionados à febre amarela são: fraqueza, escurecimento súbito da visão, cansaço, perda de força, desmaios repentinos ou problemas relacionados ao sono provocados por dispneias (dificuldades para respirar), como a ortopneia – cuja ocorrência faz com que o indivíduo precise elevar bastante a cabeça ou mesmo ficar sentado para conseguir respirar, enquanto dorme. "Todos estes sintomas podem ser ainda mais comuns ou acentuados no caso de quem já apresenta algum tipo de cardiopatia. Portanto, o cuidado com a febre amarela deve ser redobrado no caso de pessoas que apresentem um sistema cardiovascular e imunológico mais frágil, como é caso dos idosos, por exemplo", aconselha o médico.

Tratamento

Transmitida em nosso meio pelos mosquitos dos gêneros Haemagogus ou Sabethes, encontrado em ambientes silvestres ou rurais, e Aedes aegypti ou A. albopictus, típicos das regiões urbanas, a febre amarela não conta com tratamento específico. Até que ela deixe o organismo, tratam-se apenas eventuais complicações ou os sintomas da doença em si – entre os quais estão febre; dor de cabeça; perda de apetite; náuseas; vômito; olhos, rosto e língua avermelhados; fotofobia; fadiga e fraqueza; além de dores musculares em todo o corpo, principalmente, nas costas.

"Embora não haja tratamento específico para a febre amarela, é importante ressaltar que, em casos mais graves, o paciente deve ser encaminhado a uma Unidade de Terapia Intensiva [UTI]", acrescenta o imunologista, lembrando que o uso de ácido acetilsalicílico não é indicado em função do risco da doença se desenvolver de forma hemorrágica.

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade