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Estado de Minas MEIO-AMBIENTE

Cientista usa planta típica da Amazônia para combater o mosquito Aedes aegypti

Testes com a Piper aduncum comprovaram a eficácia da espécie contra o transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela


postado em 24/03/2017 15:30

A Piper aduncum é uma planta típica da Amazônia que possui propriedades inseticidas, sendo capaz de matar o temido mosquito Aedes aegypti(foto: Felipe Rosa/Embrapa/Divulgação)
A Piper aduncum é uma planta típica da Amazônia que possui propriedades inseticidas, sendo capaz de matar o temido mosquito Aedes aegypti (foto: Felipe Rosa/Embrapa/Divulgação)
Uma planta nativa da Amazônia, de nome científico Piper aduncum, pode se tornar mais uma alternativa para combater o mosquito Aedes aegypti, que transmite doenças como dengue, febre amarela, chikungunya e zika. Pesquisas realizadas em Manaus (AM) com essa planta, numa parceria entre a Embrapa Amazônia Ocidental e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, têm contribuído com estratégias para desenvolver bioprodutos para controle do mosquito.

Um dos focos de interesse na Piper aduncum é seu alto teor de dilapiol, substância com efeito inseticida já conhecido. Essa substância, definida na química como um fenilpropanoide, vem sendo testada em vários estudos científicos e tem demonstrado também atividade fungicida, moluscicida, acaricida, bactericida e larvicida para diversos organismos.

Nas pesquisas realizadas pela esquisadora e química Ana Cristina da Silva Pinto, da Universidade Federal do Amazonas, foram isolados princípios ativos da Piper aduncum e modificadas algumas moléculas, transformando-os em derivados semissintéticos, uma estratégia que permite acrescentar vantagens em relação à forma natural da substância como, por exemplo, aumentar a sua forma de ação.

A partir desses compostos foram feitos testes em larvas e insetos adultos do Aedes aegypti e em larvas do mosquito Anopheles darlingi (que transmite a malária). Os melhores resultados da Piper aduncum foram contra o Aedes, segundo Ana Cristina Pinto. De 15 substâncias derivadas da planta amazônica, cinco foram selecionadas com melhor efeito no controle do mosquito.

Depois, a pesquisadora elaborou formulações com os derivados da Piper aduncum e testou várias concentrações da dosagem até perceber que, com algumas delas, os mosquitos adultos morriam em 15 minutos.  Com isso, foi desenvolvido um creme repelente e iniciada a elaboração de um spray para ambiente e de um produto larvicida.

"O repelente é o que está mais adiantado", explica Ana Cristina Pinto, acrescentando que fez alguns testes preliminares em laboratórios do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. A pesquisadora lembra que já foram feitas várias etapas, correspondendo a aproximadamente 50% do trabalho, mas ainda será preciso repetir alguns testes em laboratórios credenciados pela Anvisa, para se chegar a um produto comercializável.

De acordo com ela, faltam ainda algumas análises físico-químicas e estudos de prateleira para saber o tempo de duração da atividade repelente, entre outras informações. "Para levar um produto ao mercado demora de cinco a 10 anos e precisaria de recurso financeiro para dar continuidade às pesquisas", afirma Ana Cristina Pinto.

(com Embrapa Notícias)

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