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Estado de Minas LEGISLAÇÃO

Em quase 10 anos da Lei Seca, morte no trânsito diminuiu, mas motoristas ainda bebem e dirigem

Pesquisa do Ministério da Saúde mostra que 7,3% dos motoristas beberam e dirigiram em 2016


postado em 20/06/2017 12:57 / atualizado em 20/06/2017 13:23

Apesar da fiscalização e do maior rigor da Lei Seca, muitos motoristas ainda ingerem álcool antes de pegar no volante, segundo o Ministério da Saúde(foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Divulgação)
Apesar da fiscalização e do maior rigor da Lei Seca, muitos motoristas ainda ingerem álcool antes de pegar no volante, segundo o Ministério da Saúde (foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Divulgação)
Há nove anos, em 19 de junho de 2008, foi sancionada a Lei 1.705, mais conhecida como Lei Seca. Mesmo após a proibição de associar álcool e direção, para muitos brasileiros, beber e dirigir ainda é uma prática normal. Em 2016, 7,3% da população adulta das capitais brasileiras declararam que bebem e dirigem. No ano anterior, o índice tinha sido de 5,5%. Isso corresponde a um aumento de 32%, em apenas um ano, segundo os dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas do Ministério da Saúde.

Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade do ministério mostram que o número de mortes em decorrência de acidentes de trânsito caiu mais de 11% em todo o país. Em 2015, 38.651 pessoas foram vítimas do trânsito, contra 43.780 óbitos registrados no ano anterior. Há, no entanto, diferenças regionais, enquanto os estados de São Paulo, com 1.169 óbitos registrados, Rio de Janeiro, com 709, e Bahia, com 472, apresentaram a maior redução de mortes no trânsito, Paraíba, com 62 mortes, Sergipe, com 39 e Roraima, com 18, tiveram aumento no número de óbitos.

Para o professor Pastor Willy Gonzales Taco, do departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UnB), especialista em trânsito, em quase 10 anos de Lei Seca, infelizmente, mudou pouco o comportamento das pessoas. "Apesar da lei, de campanhas, ainda há um processo lento em se fazer transformações no comportamento das pessoas. A lei é um instrumento que leva a refletir sobre a vida das pessoas. Muitos acidentes que acontecem são inconcebíveis. As pessoas tinham formação, tinham conhecimento amplo", comenta o especialista.

Ao longo dos anos, a Lei Seca foi ficando mais rígida, com atualização do valor da multa e outras penalidades. Atualmente, o condutor que ingerir qualquer quantidade de bebida alcoólica e for submetido à fiscalização de trânsito está sujeito a uma multa no valor de R$ 2.934,70, além da suspensão do direito de dirigir por 12 meses. Em caso de reincidência, o valor da multa é dobrado.

Fiscalização

Segundo Erica Siu, coordenadora do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool do Ministério da Saúde, houve redução dos acidentes e mortes depois da Lei Seca e isso traz benefício para a população como um todo. No entanto, ela lembra que ainda falta fiscalização. "Precisa ser constante. Em períodos mais propensos, como o Carnaval, as férias, festas, as campanhas prevalecem. Elas deveriam ocorrer o ano todo. As pessoas não podem apenas evitar blitz, mas sim, evitar acidentes, evitar mortes", afirma Erica.

De acordo com a coordenadora, não existem níveis seguros de consumo de álcool e nem mesmo um período exato que a pessoa possa dirigir após beber. "O álcool tem efeito variável em cada pessoa. Pode parecer que não tem efeito nenhum, mas na verdade tem. Quando se ingere uma pequena dose, há estudos que mostram que há efeito na coordenação motora e nos reflexos. Varia se a pessoa comeu ou não, varia de acordo com a idade", esclarece a especialista.

(com Agência Brasil)

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