Publicidade

Estado de Minas SAÚDE

Estudo comprova que dose menor da vacina da febre amarela realmente funciona

A pesquisa foi realizada pela Fiocruz em parceria com o Exército brasileiro


postado em 25/07/2017 13:10

Este ano, devido ao surto de febre amarela, o governo federal decidiu reduzir a dose da vacina, o que gerou dúvidas. Porém, a eficácia do efeito preventivo foi confirmado pela Fiocruz(foto: James Gathany/Wikimedia/Reprodução)
Este ano, devido ao surto de febre amarela, o governo federal decidiu reduzir a dose da vacina, o que gerou dúvidas. Porém, a eficácia do efeito preventivo foi confirmado pela Fiocruz (foto: James Gathany/Wikimedia/Reprodução)
Um estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) da Fiocruz, em parceria com o Instituto de Biologia do Exército, apontou que a utilização da vacina de febre amarela em doses reduzidas não altera a eficácia da imunização contra a doença em adultos, mesmo quando a quantidade de antígenos é quase 50 vezes inferior à presente nas doses utilizadas normalmente.

Para chegar à conclusão, 900 homens com idade média de 19 anos foram divididos em seis grupos e receberam vacinas com diferentes quantidades do antígeno: a padrão e as reduzidas em cerca de três, nove, 50, 150 e 900 vezes. "Com exceção das duas doses mais baixas, a resposta imunológica foi similar. Além disso, nos quatro primeiros grupos, não houve aumento de eventos adversos nem diferença significativa na persistência dos anticorpos nos 10 meses seguintes à vacinação", afirma Reinaldo M. Martins, consultor científico da Fiocruz e um dos autores do estudo. Neste momento, os voluntários estão sendo reconvocados e submetidos a exames sorológicos para avaliar se a imunidade se mantém em longo prazo.

O especialista afirma que a pesquisa da Fiocruz respalda a estratégia do governo de reduzir as doses para controlar o surto em caso de ocorrências em áreas densamente povoadas. Ele, no entanto, ressalta que ainda é necessário replicar o teste com crianças para verificar se a resposta também será positiva. "Iniciaremos esse trabalho provavelmente em 2018. Caso os achados se repitam, podemos cogitar usar doses reduzidas até mesmo na vacinação de rotina. Por enquanto, essa é uma opção para situações emergenciais de escassez de vacina, quando há aumento súbito de demanda e a necessidade de vacinar rapidamente grandes contingentes da população", completa Reinaldo Martins.

Mobilização

A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabella Ballalai, alerta para a importância de se vacinar antes do Verão. "O vírus da febre amarela, assim como o da dengue, é mais incidente na estação, então é possível que ocorram novos casos. Por que esperar o problema acontecer se podemos nos proteger desde já, com bastante tranquilidade?", questiona Isabela.

O Brasil viveu de dezembro de 2016 a maio de 2017 o maior surto de febre amarela silvestre das últimas décadas. Houve 3.240 casos notificados, dos quais 792 foram confirmados, 1929 descartados e 519 ainda são investigados. Minas Gerais e Espírito Santo foram as unidades da federação mais afetadas. Para conter o avanço da doença, entre outras medidas, o Ministério da Saúde incluiu todo o estado do Rio de Janeiro na área com recomendação de vacinação permanente e indicou temporariamente a vacinação em alguns municípios da Bahia, Espírito Santo e São Paulo.

"As mudanças no mapa de recomendação mostram o quão dinâmico é o comportamento de um vírus como o da febre amarela. É extremamente importante manter a vacinação em dia e adotar estratégias para afastar os mosquitos, como a aplicação de repelentes, instalação de telas nas janelas e, principalmente, não deixar água parada", orienta a presidente da SBIm.

(com Agência Fiocruz)

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade