Com estádio próprio, o Galo poderá aproveitar 100% de todas as receitas da nova arena: bilheteria, estacionamento, camarotes e venda de comida e bebida. Além de shows, claro, já que a estrutura deverá ser pensada como um espaço multiuso. "Será a redenção do Galo", diz Pedro Tavares, diretor de planejamento e marketing do clube. De acordo com ele, o clima é de confiança nos bastidores. "Esse projeto começou em 2013 e foi muito estudado. Os conselheiros terão um vasto material de consulta", afirma o diretor. A projeção do clube é que nos primeiros meses de funcionamento da nova arena, a receita mensal gire entorno de R$ 4,2 milhões, com R$ 1,6 milhões de despesa.
Torcedores cativos
A torcida também terá a chance de ajudar na construção. Cerca de 4,7 mil cadeiras cativas serão comercializadas ao custo de R$ 25 mil cada uma. A compra dará ao torcedor direito de ir ao estádio em partidas de futebol durante 15 anos. "Caso não consigamos vender, o que acredito que não irá acontecer, o BMG já deu a garantia de arcar com 60% das cativas", revela Pedro Tavares. Mas, o torcedor alvinegro já demonstrou sua força. Ele é o responsável pela maior venda de ingressos da história do futebol brasileiro. A decisão da Taça Libertadores, em 2013, contra o Olímpia, no estádio do Mineirão, rendeu, além do inédito título continental, mais de R$ 14 milhões.
De casa nova, o clube pode ainda se aproveitar da mística de jogar em seu próprio campo. Esta vantagem foi experimentada por algum tempo no Independência – estádio construído pelo América-MG. A torcida até repetia o bordão: "Caiu no Horto está morto" – em referência ao bairro em que está localizado o estádio. Clubes que inauguraram seus próprios campos comemoraram um aumento considerável no número de vitórias como mandantes. Ao término da centésima partida no Itaquerão, erguido para a Copa do Mundo de 2014, em São Paulo, o Corinthians só havia perdido sete vezes ali. No Allianz Parque, também na capital paulista, o Palmeiras ficou quase um ano sem saber o que era derrota. No entanto, no aspecto financeiro, o exemplo dos paulistas não será seguido. O Corinthians tem uma dívida bilionária e o Palmeiras precisa suportar uma co-gestão em sua arena.
Exemplo italiano
Na verdade, o exemplo que o Atlético quer seguir é o de outro clube alvinegro, o Juventus, da Itália, que inaugurou sua nova casa em 2011. O estádio custou 122 milhões de euros, o equivalente a R$ 418,5 milhões. Foi barato, se comparado aos estádios construídos ou reformados para a Copa do Mundo de 2014: custou menos do que 11 das 12 arenas que sediaram o torneio da Fifa no Brasil. As receitas do Juventus se multiplicaram e, por seis vezes consecutivas, o time foi campeão italiano.
Para o arquiteto Bernardo FarkasVölgyi, responsável pelo projeto da arena do Galo, ela será uma das mais modernas do país. "Será mais rentável que um shopping inteiro", comenta o arquiteto, que também é torcedor do Atlético.
Para desenhar a fachada do estádio, FarkasVölgyi se inspirou na torcida do Galo dos anos 1970, que esticava faixas com as cores do clube nas arquibancadas do Mineirão.
No próximo dia 18 de setembro, os atleticanos estarão na torcida para que os conselheiros digam "sim". A despeito de alguns oportunistas que rejeitam o progresso do clube, o Galo tem tudo para, mais uma vez, escrever seu nome na história do futebol.
O que dizem alguns conselheiros:
- Rubens Menin, fundador da MRV: "Sou favorável ao projeto. Vai mudar a vida do Atlético. Não conheço grandes times que não tenham o estádio próprio. É um sonho antigo nosso que se viabilizou por esforço de muita gente. A oposição é cada vez menor. Isso já está liquidado"
- Emir Cadar, ex-presidente do Conselho Deliberativo: "É a grande chance de termos um estádio próprio. Respeito a opinião dos opositores, mas o momento é este"
- Alberto Pinto Coelho, ex-governador de Minas Gerais: "A arena própria do Galo poderá, além de proporcionar aumento das receitas de patrocinadores e ampliar os negócios, trazer mais serviços ao torcedor atleticano e mais identidade, principalmente para os torcedores mais jovens"
- Alexandre Kalil, prefeito de BH e ex-presidente do Galo: "Temos hoje um clube que quer avançar. Se a oposição tiver maior número que vote e anule o estádio. Se não, vamos caminhar para o futuro"