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Estado de Minas SAÚDE

Casos de sífilis crescem no Brasil e falta de penicilina é uma das causas

Segundo Ministério da Saúde, entre 2015 e 2016, houve 27,9% de aumento nos casos de sífilis no país


postado em 31/10/2017 15:39

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Os casos de sífilis adquirida (em adultos) tiveram aumento de 27,9% de 2015 para 2016 no Brasil. Os dados são do boletim epidemiológico de 2017, divulgado nesta terça, dia 31 de outubro, pelo Ministério da Saúde. Entre as gestantes, o crescimento dos casos foi de 14,7%. As infecções por sífilis congênita (transmitida da mãe para o bebê) subiram 4,7%.

Segundo o ministro da Saúde, Ricardo Barros, as causas para o aumento da doença são o desabastecimento do medicamento penicilina e o aumento dos diagnósticos, com a distribuição de testes rápidos na rede de saúde. "A tendência é de, com o aumento da testagem, aumentar os casos identificados e permitir ao sistema de saúde tratar essas pessoas e diminuir a transmissão de mãe para filho", afirma o ministro.

Em 2016, o Ministério da Saúde identificou uma epidemia de sífilis no país. "Hoje, a situação está controlada porque temos à disposição medicamentos. Os números não são os que gostaríamos, mas estamos em condições de reduzir esses índices e resolver os casos da doença", avalia Barros.

Apesar de essencial para o controle da transmissão da sífilis, a penicilina benzatina apresenta, desde 2014, um quadro de desabastecimento em diversos países devido à falta de matéria-prima para a produção. Segundo o Ministério da Saúde, apesar de a responsabilidade pela compra do medicamento ser de estados e municípios, em 2016, o governo brasileiro concentrou a aquisição em caráter emergencial para o tratamento de grávidas e seus parceiros.

Ricardo Barros explica que o ministério também aumentou o valor máximo de compra do medicamento, que antes era inferior ao custo de produção. Com isso, o problema do abastecimento foi resolvido, inclusive com produção nacional.

Sífilis congênita

Todos os tipos de sífilis são de notificação obrigatória no país há pelo menos cinco anos. Entre 2010 e 2016, a taxa de incidência de sífilis congênita e a taxa de detecção de sífilis em gestantes aumentaram cerca de três vezes, passando, respectivamente, de 2,4 para 6,8 por mil nascidos vivos e de 3,5 para 12,4 casos por cada mil nascidos vivos. A sífilis adquirida, que teve sua notificação compulsória implantada em 2010, teve sua taxa de detecção aumentada de dois para 42,5 casos para cada 100 mil habitantes.

Para Adele Benzaken, diretora do departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, o aumento nos índices significa uma melhora na identificação da doença. "Essa questão de aumento quer dizer que a cobertura da testagem está aumentando, estamos conseguindo chamar os parceiros das gestantes. Se estamos testando as pessoas, estamos tratando as gestantes e evitando a sífilis congênita", comenta a diretora.

O novo boletim aponta que 37% das mulheres grávidas com sífilis conseguiram realizar o diagnóstico precocemente. A identificação ainda no primeiro trimestre da gestação e o tratamento adequado impedem a transmissão da doença da mãe para o bebê. Entretanto, segundo Adele Benzaken, muitas mulheres iniciam o pré-natal tardiamente, então, há um prejuízo nesse diagnóstico.

Para alcançar a meta de eliminação da mortalidade por sífilis congênita estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil deve reduzir da taxa atual de 6,8 por mil nascidos vivos para um índice menor ou igual a 0,5 por mil. "Isso é possível em um curto prazo, porque a sífilis é facilmente detectada e facilmente tratada. Tendo o teste rápido e tendo a penicilina, é possível alcançar a eliminação", afirma a representante do Ministério da Saúde.

Segundo o boletim epidemiológico, apenas os estados de Pernambuco, Tocantins, Ceará, Sergipe, Piauí e Rio Grande do Norte apresentam taxas de incidência de sífilis congênita mais elevadas que as taxas de detecção da doença em gestantes, o que remete a possíveis deficiências no diagnóstico precoce e notificação equivocada dos casos de grávidas.

(com Agência Brasil)

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