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Estado de Minas FUTEBOL

Há um ano, acidente com o avião da Chapecoense deixava o Brasil e o mundo chocados

Apesar da tragédia com o voo da LaMia, equipe de Santa Catarina conseguiu dar a volta por cima


postado em 29/11/2017 09:47 / atualizado em 29/11/2017 12:52

Na madrugada do dia 29 de novembro de 2016, a queda do avião da LaMia, na Colômbia, vitimou 75 pessoas, incluindo a maioria dos jogadores da Chapecoense(foto: Twitter/Policiantioqui/Cr Wilson Pardo/Reprodução)
Na madrugada do dia 29 de novembro de 2016, a queda do avião da LaMia, na Colômbia, vitimou 75 pessoas, incluindo a maioria dos jogadores da Chapecoense (foto: Twitter/Policiantioqui/Cr Wilson Pardo/Reprodução)
Na madrugada do dia 29 de novembro de 2016, os brasileiros acordaram surpresos e angustiados com o acidente do avião da LaMia que transportava a equipe da Chapecoense, de Santa Catarina. A aeronave que partiu de São Paulo com destino a Medellín, na Colômbia, caiu pouco antes de chegar à cidade, devido à falta de combustível. Foram vitimadas 71 pessoas.

A tragédia matou jogadores, jornalistas e dirigentes de futebol. A partida da final da Copa Sul-Americana de 2016, entre a Chapecoense e o Atlético Nacional, da Colômbia, nunca chegou a ser disputada. Quem poderia ter sido uma das vítimas é Ivan Carlos Agnoletto, coordenador de esportes da rádio Super Condá, de Chapecó (SC). Quis o destino que ele não embarcasse no voo 2933, da empresa boliviana LaMia, por conta de um documento de identidade antigo, que levou por engano ao aeroporto. O imprevisto fez com que perdesse dois companheiros: Gelson Galiotto e Edson Luiz Ebeliny, conhecido com Picolé. "Meu nome estava na lista de passageiros, tinha credenciamento e tudo. Mas não embarquei, Deus me deu uma segunda chance. Na madrugada do acidente, recebi muitas ligações na minha residência", conta o radialista, emocionado.

Desde o dia seguinte ao acidente aéreo, uma palavra tem acompanhado familiares e dirigentes da Chape: reconstrução. Um dos símbolos que traduz essa reestruturação é o Índio Condá, que dá nome à arena e é o mascote oficial do Verdão do Oeste. A primeira casa da Chapecoense homenageia o líder da tribo dos kaingang, Vitorino Condá. Segundo a lenda, o cacique teria lutado para que seu povo tivesse direito à terra junto ao governo brasileiro, uma vez que os colonizadores que chegaram à região se apossaram das terras por meio de títulos de propriedade.

Atualmente, a Aldeia Condá fica a aproximadamente 15 km do centro de Chapecó e seu nome é visto como sinônimo de união e paz. Valores que foram essenciais para reerguer o time que ganhou o coração dos brasileiros. Para Luiz Antonio Palaoro, vice-presidente jurídico da Chapecoense, a gestão do clube foi "perfeita", em um ano que poderia ser de fracasso. "Em termos esportivos, fomos muito bem. Ganhamos o Catarinense, não passamos de fase na Libertadores por um detalhe e conseguimos nos manter na elite do Campeonato Brasileiro, que era o mais importante", avalia Palaoro.

Disputa

A morte de funcionários da Chape, incluindo praticamente todo o elenco principal e a comissão técnica, gerou dor, revolta, mas também disputas judiciais. As famílias das vítimas afirmam que houve falta de assistência por parte do clube. A reportagem procurou membros da Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo da Chapecoense, que preferiram não se pronunciar "em respeito ao luto e à dor das famílias nessa semana difícil".

O responsável jurídico da Chapecoense reconhece que há ações judiciais em curso, mas nega que tenha havido negligência por parte do clube. "Pagamos os seguros de todos os funcionários do clube, incluindo jogadores. As famílias dos atletas receberam 28 salários mínimos, proporcionais ao vencimento assinado em carteira, além do seguro da CBF. No caso dos demais empregados, houve o pagamento do seguro coletivo", explica Luiz Antonio Palaoro. Além disso, o dirigente garantiu que jamais passou pela cabeça fechar as portas do clube. "A Chape é gigante. Conseguimos nos reerguer e assim continuaremos. Desistir jamais foi um hipótese", comenta.

Investigações

A principal frente de investigação brasileira em relação ao acidente com o avião da LaMia foi conduzida pelo Ministério Público Federal (MPF), em Chapecó. O MPF concluiu que não houve negligência ou imprudência por parte da Associação Chapecoense de Futebol na contratação da companhia e que também não foi identificado qualquer indício de que tenha havido pagamento de valor indevido ou outro interesse escuso para fechar o contrato.

Na terça-feira, dia 28 de novembro, o procurador federal Carlos Humberto Prola Júnior confirmou haver suspeitas de que a LaMia, na verdade, seja efetivamente controlada por uma família na Venezuela, apesar de ter sede na Bolívia. Ele também apontou que a atuação da justiça e das autoridades brasileiras no caso é limitada por uma questão de jurisdição. Como o avião partiu da Bolívia e caiu na Colômbia, o Brasil não tem atribuição para processar eventuais responsáveis pela tragédia.

As suspeitas de que os verdadeiros donos da LaMia são venezuelanos, indica Carlos Prola, também foram observadas na investigação. Isto porque o MPF teve acesso a documentos que apontam que a venezuelana Loredana Albacete negociou, em nome da LaMia, o fretamento da aeronave com o clube. Loredana é filha do ex-senador venezuelano Ricardo Albacete, dono do avião.

(com Agência do Rádio Mais)

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