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Estado de Minas MEIO-AMBIENTE

SOS Mata Atlântica vê piora na qualidade da água da bacia do rio Doce após tragédia de 2015

A fundação analisou 733 km e encontrou uma situação pior que a do ano passado


postado em 07/11/2017 13:39 / atualizado em 07/11/2017 13:44

A equipe da fundação SOS Mata Atlântica percorreu 733 km da bacia do rio Doce, entre Minas Gerais e o Espírito Santo, e encontrou uma piora na qualidade da água afetada pela tragédia de Mariana(foto: SOS Mata Atlântica/Reprodução)
A equipe da fundação SOS Mata Atlântica percorreu 733 km da bacia do rio Doce, entre Minas Gerais e o Espírito Santo, e encontrou uma piora na qualidade da água afetada pela tragédia de Mariana (foto: SOS Mata Atlântica/Reprodução)
A qualidade da água de rios que compõem a bacia do rio Doce piorou dois anos após a maior tragédia ambiental do país, ocorrida com o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em novembro de 2015. Isso segundo a expedição realizada pela fundação SOS Mata Atlântica, entre os dias 11 e 20 de outubro deste ano. A organização revela que a qualidade da água se encontra ruim ou péssima em 88,9% dos 18 pontos de coleta analisados e que apenas dois deles apresentam qualidade regular (11,1%).

Nos 18 pontos monitorados pela SOS Mata Atlântica, a qualidade da água foi considerada imprópria para consumo humano e usos múltiplos, como pesca, irrigação e produção de alimentos. Apenas três pontos apresentam conformidade com o padrão definido na legislação brasileira para turbidez, um dos indicadores diretamente associado ao impacto da lama de rejeito de minérios, segundo a fundação.

Em sete dos 16 pontos que apresentam qualidade de água péssima e ruim foi constatada ausência de vida aquática, como girinos, sapos e peixes. "Nesses locais, o espelho d'água estava repleto de insetos e pernilongos, vetor de graves problemas de saúde pública, como a dengue, zika, chikungunya e febre amarela", comenta Malu Ribeiro, especialista em água da SOS Mata Atlântica e responsável pela expedição.

A equipe da fundação percorreu o rastro da lama por 733 km ao longo de todo o rio Doce, desde suas nascentes – os rios Gualaxo do Norte, Piranga e Carmo – até a foz, no oceano Atlântico. A bacia banha 29 municípios e distritos dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

Confira o comparativo entre as análises realizadas em novembro 2015, logo após o rompimento da barragem, e em 2016 e 2017:

Apesar de visualmente a água estar mais clara, Malu Ribeiro explica que o sedimento de rejeito de minério está presente em todo o leito do rio e, por ser muito fino, qualquer movimento das águas faz com que ele fique em suspensão, aumentando novamente a turbidez para índices impróprios. "A seca extrema e o baixo volume das águas causaram uma concentração dos poluentes, o que fez com que a poluição, apesar de imperceptível a olho nu, esteja em concentração bem maior do que no ano passado", comenta a ativista.

Apesar de estarem longe do cenário ideal, nove pontos de coleta apresentaram sinais de vida aquática, conforme o estudo da SOS Mata Atlântica. Eles estão localizados onde existem fragmentos de mata nativa ou que contam com áreas de preservação permanente. "Esses locais foram menos afetados com o impacto da lama. Mesmo com tamanha tragédia, é possível notar alevinos, conchas, girinos e poucos peixes, sobretudo nos pontos próximos a afluentes de maior volume", diz Malu Ribeiro.

A elevada turbidez, o baixo volume dos rios, o excesso de nutrientes em decomposição lançados pelo esgoto sem tratamento e as altas temperaturas reduziram os índices de oxigênio dissolvido. “Para a recuperação da qualidade da a%u0301gua, e%u0301 essencial que sejam adotadas medidas efetivas de restaurac%u0327a%u0303o florestal com espécies nativas, de revitalização da bacia e a ampliação dos serviços de saneamento básico e ambiental nos municípios afetados”, acrescenta Malu.

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