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Estado de Minas MEIO-AMBIENTE

Para especialistas, irrigação eficiente é a solução para o Brasil

Com mais água para as plantas, o agricultor precisa ocupar menos terreno com as culturas


postado em 15/03/2018 12:47 / atualizado em 15/03/2018 13:21

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
De 2012 a 2016, o Brasil enfrentou sua pior crise hídrica, sobretudo no nordeste do país. De acordo com dados da Confederação Nacional de Municípios, nesse período, a região registrou prejuízos de R$ 104 bilhões por causa da seca. O valor equivale a cerca de 70% das perdas em razão da falta de chuvas.

Outro exemplo de prejuízo causado pela escassez de água foi a queda na produção de grãos no país, em 2016. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o feijão apresentou redução de 15,4%, na comparação com 2015. A produção de soja recuou 1,2%. Já o milho teve diminuição de 24,8% na produção.

Por isso, em anos de seca, os produtores agrícolas precisam suprir a falta de chuva com o processo de irrigação, que fornece água de maneira artificial para as plantas. Um levantamento apresentado pela Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que quase 70% de toda a água disponível no mundo é usada em atividades voltadas para a agricultura.

No entanto, a própria ONU lembra que a população mundial deve chegar a nove bilhões até 2050 e, com isso, a demanda por alimentos deve aumentar em até 70%.

Para Lineu Rodrigues, pesquisador de recursos hídricos e irrigação da Embrapa Cerrado, os projetos de irrigação de culturas devem ser sustentáveis, mas não limitados a ponto de deixar a população da cidade sem comida. "Não tem como produzir alimento sem água. A água é fundamental. O que nós temos que fazer é uma boa gestão dos nossos recursos. Quando você tira Amazonas do processo, que é onde tem mais água, a gente usa 5% de todos os recursos e 2,6% da agricultura irrigada. Mas, você tendo uma boa gestão, um bom planejamento, temos água suficiente para atender a todos os usos", comenta o especialista.

O pesquisador da Embrapa ressalta ainda que, se os projetos de irrigações fossem mais abrangentes, a produção dos alimentos se elevaria e, futuramente, não haveria a necessidade de abrir mais áreas para plantio em regiões de florestas. "No Brasil, por exemplo, nós irrigamos em torno de sete milhões de hectares e temos um potencial de 70 milhões. Se a gente irrigar mais, a gente pode, no mínimo, dobrar a produção. Você evita a necessidade de abrir novas áreas, por que tem o efeito ambiental também", comenta Lineu Rodrigues.

Por sua vez, Maurício Lopes, presidente da Embrapa, reclama que há muita desinformação, o que "desqualifica os avanços que o país alcançou na agricultura e na gestão dos seus recursos naturais". Segundo Lopes, as lavouras e florestas plantadas ocupam 10% do território nacional e, "apesar de sermos detentores de 12% das reservas de água doce do planeta, a produção de alimentos no país depende prioritariamente das chuvas".

No Distrito Federal, por exemplo, que é uma região de cerrado, ou seja, com longos períodos de estiagem, existem programas bem sucedidos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) voltados para o cultivo de grãos e frutas. É o que afirma Rodrigo Marques, diretor executivo da Emater-DF. "Morango, por exemplo, mesmo com a questão da crise hídrica, a gente conseguiu aumentar a produtividade, sem aumento de áreas, sem aumento de irrigação, só com algumas características que influenciaram", diz o diretor.

(com Agência Rádio Mais)

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