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Estado de Minas BRASIL

Economia ainda não sentiu os efeitos da Copa do Mundo

Faltam 30 dias para o Mundial da Fifa e os jogos não atraíram os brasileiros


postado em 14/05/2018 09:50 / atualizado em 14/05/2018 10:10

(foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil/Divulgação)
(foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil/Divulgação)
Faltando 30 dias para o início da Copa do Mundo de 2018, que será realizada na Rússia entre 14 de junho e 15 de julho, a economia do Brasil tem sentido poucos efeitos por conta do Mundial de Futebol da Federação Internacional de Futebol (Fifa). Nem mesmo o setor de eletroeletrônicos, que historicamente é o mais beneficiado no período, tem demonstrado otimismo com as vendas. Especialistas entrevistados pela Agência Brasil apontam que, em função da crise, há indicações de que o setor informal venha a ser o mais beneficiado pela Copa deste ano.

De acordo com a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), a expectativa é que a Copa resulte na venda de 12,5 milhões de aparelhos de TV em 2018. Apesar de o volume ser 10% superior ao de 2017, a tendência é de que, no primeiro semestre de 2018, ele fique abaixo do anotado no mesmo período em 2014, quando a Copa foi realizada no Brasil, e vencida pela Alemanha.

"Na comparação com o primeiro semestre de 2014, quando foram vendidas 7,935 milhões de TVs, o volume estimado para 2018 é 14% menor", comenta Lourival Kiçula, presidente da Eletros, que completa afirmando que a indústria se preparou "com bastante antecedência" para a Copa da Rússia, em relação às demandas dos varejistas e para garantir a reposição dos estoques.

Segundo Kiçula, o Mundial representa uma "inversão de sazonalidade", uma vez que traz, para o primeiro semestre do ano, as vendas de aparelhos eletrônicos que, normalmente, ocorrem com maior intensidade no segundo semestre.

"O mercado de televisores muda de patamar a cada quatro anos. Os televisores ganham mais evidência, uma vez que todos os brasileiros, apaixonados por futebol, querem acompanhar os lances de perto com a máxima qualidade de imagem", diz o presidente da Eletros.

A venda de televisores pode acarretar em um efeito dominó positivo para outros setores. É o caso da TV por assinatura. "A exemplo das Olimpíadas do Rio, de 2016, a Copa ajuda a aumentar a demanda no nosso setor. As pessoas se preparam para o Mundial. Elas trocam de televisor, e isso também é algo que as motiva a adquirir canais por assinatura. Uma coisa puxa a outra", afirma Alessandro Maluf, diretor de Produtos de TV por Assinatura da NET.

Citando levantamentos feitos pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) mostra que o setor de TV paga, como um todo, registra queda de assinaturas há dois anos, mas que a tendência é de estagnação, já que entre março e abril a redução do número de assinaturas ficou menor, em apenas 900 assinaturas.

"Nosso setor sofre fortemente os impactos da economia, e sentimos uma certa retração no mercado ao longo dos últimos anos. A Copa, no entanto, representa um estímulo para a TV por assinatura. Temos identificado um aumento de demanda e de pessoas interessadas nos canais esportivos", comenta Maluf.

Informalidade

Segundo o professor Marilson Dantas, da Faculdade de Economia da Universidade de Brasília (UnB), a crise econômica prejudicará ainda mais "o efeito mínimo" que a Copa do Mundo terá para a economia do país. Segundo ele, a tendência será a de favorecer o consumo de produtos mais baratos, oriundos da economia informal.

"O efeito da Copa para o Brasil será mínimo. Incentivará o consumo de alguns produtos específicos e de forma pontual. É o caso, principalmente, dos televisores. Mas em termos gerais o efeito é mínimo, ainda mais em um período de crise como o atual, que naturalmente já levaria as pessoas a consumirem produtos mais baratos como os ofertados pelo comércio informal", esclarece o especialista.

O comércio informal, acrescenta o professor da UnB, não deixa de ser relevante e positivo do ponto de vista econômico, até por ter, em sua cadeia, diversas etapas de formalidade econômica. "Toda oportunidade de consumo gera riqueza. A economia é única, independentemente de ser ou não formal e ligada a uma pessoa jurídica. A economia informal está dentro da economia. Apenas não é alcançada pela área tributária. Ela apresentará resultados, ainda que não preponderantes para o processo de desemprego", diz Marilson Dantas.

Segundo ele, o consumo relacionado à temática da Copa em grande parte será direcionado a pequenas empresas ou empresas informais que não pagam royalties para a Fifa. Elas são as mais beneficiadas por conta do Mundial da Rússia.

"É lá [na economia informal] que estará a maior parte do volume a ser comercializado: bandeiras, camisas não oficiais e, principalmente, apetrechos de pequeno valor", afirma o economista.

(com Agência Brasil)

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