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Estado de Minas BRASIL

Embrapa descobre ômega-3 nas vísceras de tambaqui e surubim

Os resíduos desses peixes brasileiros podem ganhar nova destinação


postado em 25/05/2018 11:46 / atualizado em 25/05/2018 11:46

Com a descoberta de ômega-3 nas vísceras dos peixes brasileiros tambaqui (esq.) e surubim, esse material, normalmente descartado, poderá virar até suplemento(foto: Wikimedia/Reprodução)
Com a descoberta de ômega-3 nas vísceras dos peixes brasileiros tambaqui (esq.) e surubim, esse material, normalmente descartado, poderá virar até suplemento (foto: Wikimedia/Reprodução)
A Embrapa Pesca e Aquicultura, de Tocantins, em parceria com a Embrapa Agropecuária Oeste, do Mato Grosso do Sul, e com a Embrapa Agroindústria de Alimentos, do Rio de Janeiro, identificou a presença de ômega-3 nas vísceras dos peixes tambaqui (Colossoma macropomum) e surubim (Pseudoplatystoma sp.). Normalmente, esse material é utilizado pela indústria de pescado na produção de suplemento para ração animal, de biocombustível e até como adubo. Segundo a Embrapa, a descoberta abre a possibilidade para um uso mais nobre dos resíduos, como a produção de suplementos de ômega-3, gordura benéfica que ajuda a proteger o coração.

Geralmente presente em peixes de águas frias, como salmão e bacalhau, mas também na popular sardinha, o ômega-3 das vísceras de tambaqui e surubim é uma boa notícia para a cadeia produtiva dos peixes nativos do Brasil. "É uma matéria-prima nobre que precisa ser melhor aproveitada", atesta Leandro Kanamaru Franco de Lima, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura. Para o cientista, a descoberta deverá trazer um outro olhar para as vísceras resultantes do processamento de pescado. "O produtor deve ficar atento para não deixar o subproduto estragar com períodos longos de armazenamento, já que esses ácidos graxos encontrados podem gerar produtos de maior valor agregado", diz o pesquisador.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2016 revelam que a produção nacional de tambaqui chega a 136.991 mil toneladas anuais e a de surubim alcança 15,86 mil toneladas. No entanto, o nível de desperdício e resíduos chega a mais da metade da produção, pois apenas cerca de 30% do total da carcaça é aproveitado em filés. Grandes empresas utilizam parte das sobras para produzir biodiesel ou ração animal.

Para Leandro Kanamaru, o estudo da Embrapa aponta uma alternativa para cooperativas e pequenas empresas de processamento de pescado. "Se os resíduos sólidos, tais como carcaça e vísceras, fossem aproveitados pela pequena indústria para gerar um incremento para a ração de animais, por exemplo, a gente diminuiria o impacto ambiental e geraria maior valor agregado. O problema é que geralmente ele é descartado ou vira adubo", ressalta o pesquisador, acrescentando que, muitas vezes, devido aos custos de transporte, não é possível levar os resíduos para processamento em grandes empresas, gerando um problema para o entreposto e uma ameaça ao meio-ambiente.

O estudo da Embrapa é parte de um projeto maior que analisou o gerenciamento hídrico da indústria do pescado, incluindo análise de efluentes líquidos e processamento, com análises microbiológicas e de resíduos sólidos.

(com portal da Embrapa)

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