O ginecologista Maurício Simões Abrão, da Faculdade de Medicina da USP, lembra que o útero da mulher é revestido internamente por uma espécie de película chamada endométrio que, quando se inicia a gravidez, é responsável por receber o óvulo fecundado. Durante o período menstrual, o endométrio é renovado e descama, sendo eliminado do corpo em forma de menstruação.
"A paciente com endometriose apresenta endométrio implantado fora do útero, ou seja, podendo infiltrar outras estruturas, como, por exemplo, os ovários e os ligamentos ao redor do útero. Em casos graves, o endométrio pode aderir inclusive a outros órgãos, como bexiga e intestino", comenta o especialista.
A relação de normalidade entre o período menstrual e as cólicas faz com que 53% das brasileiras desconheçam a doença, conforme aponta uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva, em parceria com a Bayer.
O médico cita sinais importantes da endometriose que se manifestam já na adolescência:
- Dores incapacitantes e persistentes durante todo o período menstrual e fora dele
- Dor pélvica inclusive durante a relação sexual
- Dificuldade e dor para evacuar
- Dores para urinar durante a menstruação
Ao identificar esses sintomas, o mais indicado é procurar um ginecologista e solicitar a investigação do quadro. Exames como o ultrassom transvaginal e de abdômen podem auxiliar no diagnóstico precoce e na definição do tratamento ideal. "Quanto antes for detectada e tratada, melhor o controle sobre a endometriose, embora não tenha cura, a rapidez no diagnóstico evita as complicações da doença e inclusive que a paciente passe por tratamentos mais agressivos, além de preservar a fertilidade", ressalta Maurício Abrão.
Por se manifestar de diversas maneiras, cada quadro de endometriose deve ser estudado de forma individual para definir a melhor linha de tratamento. "Há pacientes que não apresentam focos de endométrio fora do sistema reprodutor, então, nestes casos, podemos pensar em controlar os sintomas com o uso de métodos contraceptivos como pílula e DIU e, inclusive, suspender a menstruação", explica o ginecologista.
Em casos mais graves da doença, em que a mulher apresenta endométrio na cavidade abdominal ou outros órgãos, por exemplo, pode ser necessário a realização de cirurgia, como esclarece Abrão: "Esses casos são especialmente delicados, porque o plano cirúrgico vai depender de onde está o foco de endometriose, por isso precisam ser estudados de perto".
Embora a doença não tenha cura, é possível controlá-la. Para isso, é imprescindível realizar exames e visitas periódicas ao ginecologista para acompanhar a progressão da doença e a efetividade do tratamento.