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Estado de Minas SAÚDE

Crianças brasileiras estão 'contaminadas' com disruptores endócrinos

Substâncias como parabeno e benzofenona afetam a produção hormonal


postado em 27/06/2018 14:48 / atualizado em 27/06/2018 14:58

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)
Pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP, em colaboração com colegas americanos, descobriram que as crianças brasileiras estão expostas a níveis altos de parabenos e benzofenonas, substâncias consideradas disruptores endócrinos (podem alterar o equilíbrio hormonal), que estão presentes em cosméticos e produtos de higiene pessoal. O estudo foi publicado na revista científica Environmental International.

Os cientistas analisaram amostras de urina de 300 crianças entre 6 e 14 anos, coletadas em 2012 e em 2013 nas cinco regiões do Brasil. Nas amostras foi avaliada a presença de disruptores endócrinos. Apesar de também afetarem a saúde dos adultos, a exposição a essas substâncias é especialmente preocupante em crianças, já que o balanço hormonal é fundamental para um desenvolvimento saudável.

Em comparação com estudos feitos em outros países, a principal peculiaridade da amostra brasileira foi a alta concentração nas amostras de urina de disruptores endócrinos que costumam fazer parte da formulação de cosméticos. "Compostos como parabenos, benzofenonas, triclosan e triclocarban são frequentes em produtos relacionados ao cuidado pessoal. No geral, as concentrações das substâncias que foram maiores no Brasil foram aquelas relacionadas a esse tipo de produtos", explica Bruno Alves Rocha, primeiro autor do trabalho, que lembra que o Brasil é um líder mundial na venda de produtos de higiene.

Outro disruptor endócrino que se destacou na pesuqisa foi o bisfenol A, substância utilizada na produção de alguns tipos de plásticos e resinas. Embora seu uso em mamadeiras seja proibido no Brasil desde 2012, o composto foi detectado em 98% das amostras. De acordo com Rocha, a exposição ao bisfenol A é grande. Dentre outros lugares, a molécula está presente em alimentos enlatados, garrafas de água, brinquedos, papel térmico e inclusive na poeira de ambientes fechados. Apesar do achado, os níveis da substância nas amostras brasileiras foram similares aos de países como Estados Unidos e Canadá, e muito menores do que os observados na Índia e na China.

(com Jornal da USP)

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