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Estado de Minas POLÍTICA

Leonardo Boff diz que democracia no Brasil está ameaçada

O teólogo compara a atualidade à época da Ditadura Militar


postado em 13/07/2018 11:28 / atualizado em 13/07/2018 11:46

"Vivemos um momento trágico em nosso país", afirma o teólogo Leonardo Boff, em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (foto: William Dias/ALMG/Divulgação)
Para o teólogo e escritor catarinense Leonardo Boff, de 79 anos, no Brasil não existe mais democracia, mas "pós-democracia". A afirmação foi dada durante audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na quinta, dia 12 de julho.

A reunião foi solicitada pelo deputado Durval Ângelo (PT) para debater a condenação do Brasil pela Corte Interamericana de Direitos Humanos devido à morte do jornalista Vladimir Herzog, em 1975, durante a Ditadura Militar.

Boff comparou o período do regime militar com a conjuntura atual, lamentando que violações de direitos ocorridas de 1964 a 1985, como torturas e perseguições, ainda persistiriam na atualidade. Do ponto de vista político, o teólogo também traçou um paralelo entre os dois períodos, condenando a prisão do ex-presidente Lula, que considerou como "parte do golpe político-jurídico-midiático iniciado com o impeachment de Dilma Rousseff".

"O Brasil deveria imitar a Argentina, o Chile e o Uruguai, que levaram os criminosos torturadores aos tribunais", defende Leonardo Boff. Para ele, o acordo brasileiro que concedeu anistia aos torturadores "foi espúrio e vergonhoso". "Há uma diferença fundamental: quem torturou e matou eram agentes do estado e a função do estado é proteger o acusado. Era um estado terrorista", critica o renoamdo escritor.

O teólogo diz estar convencido de que há um projeto mundial de recolonização da América Latina que passa pela desnacionalização das riquezas do continente. O impeachment de Dilma e a prisão de Lula, segundo ele, se inserem nesse contexto, em confronto com a "política externa ativa e altiva" de Lula e do ex-chanceler Celso Amorim.

Boff também faz severas críticas ao juiz Sérgio Moro, da Justiça Federald e Curitiba (PR), responsável pela operação lava-jatod a Polícia Federal (PF), "que atropela direitos". "Vivemos um momento trágico em nosso país, em que mais do que julgar Lula, o que querem é impedir que ele seja candidato e se reeleja presidente", diz o catarinense na audiência da ALMG.

Reformulando a citação do sociólogo português Boaventura Souza Santos, para quem "o Brasil vive um momento de democracia de baixíssima intensidade", Leonardo Boff afirma que, a rigor, a democracia acabou no país, o que, na sua opinião, pôde ser constatado no episódio ocorrido no domingo, dia 8 de julho, quando uma instância judicial inferior deixou de cumprir uma ordem superior, mantendo a prisão de Lula, "um ato profundamente antidemocrático".

"O que se passa com Lula é um processo político, mais do que jurídico; até hoje não se apresentou um único argumento real contra ele, só ilações", reclama.

Críticas ao PT

Mas, o teólogo e escritor não deixou, também, de fazer críticas ao Partido dos Trabalhadores, afirmando que, ao chegar ao poder, o partido esvaziou as lideranças populares concedendo-lhes cargos. Aproveitou para criticar também o fato de os governos Lula e Dilma priorizarem a formação de consumidores, em detrimento da formação de cidadãos críticos.

"Faltou organicidade entre o Planalto [palácio do governo] e a planície", conclui Boff, lamentando a falta de lideranças. "Como nos faz falta, hoje, um líder como um Brizola, por exemplo, que teria levado a Brasília 150 mil pessoas, no domingo [8], em protesto".

(com portal da ALMG)

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