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Estado de Minas BRASIL

Advogados de acusado de dar facada em Bolsonaro alegam possível insanidade

Adelio Bispo não teria agido a pedido de terceiros, diz defesa


postado em 10/09/2018 11:26 / atualizado em 10/09/2018 11:33

(foto: Twitter/Reprodução)
(foto: Twitter/Reprodução)
Segundo os advogados de defesa de Adelio Bispo de Oliveira, acusado de esfaquear o deputado federal e candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), ele agiu sozinho e de rompante. A ideia por trás desse ato teria surgido três dias antes, quando o criminoso arquitetou a tentativa de assassinato, movido contra o discurso de Bolsonaro referente aos negros quilombolas.

A defesa refuta a ideia de uma teoria conspiratória, segundo a qual haveria outras pessoas envolvidas, possivelmente um mentor intelectual, incluindo questões partidárias.

Na noite de sexta, dia 7 de setembro, o agressor voltou a ser ouvido pela Polícia Federal (PF), que deseja esclarecer exatamente este ponto, para se certificar se o crime foi apenas fruto de uma mente atormentada e possivelmente desequilibrada, como sustenta a defesa, ou se foi parte de um esquema maior, de tentativa de eliminação de Bolsonaro.

Para resguardar a integridade física do agressor, ele foi transferido, no sábado (8), para o presídio federal de segurança máxima de Campo Grande (MS).

"A polícia queria saber em especial sobre a participação de terceiras pessoas, se o plano foi engendrado, se havia outros envolvidos, interessados, se foi financiado ou não. Eu acredito que ele esclareceu que veio sozinho. Ele veio para praticar o ato, queria praticar o ato, mas sozinho", sustenta o advogado Fernando Magalhães, que acompanhou o depoimento de Adélio, durante uma hora e meia, à PF, em entrevista à Agência Brasil.

Sobre o fato de o criminoso ter morado em vários endereços nos últimos meses, Magalhães disse que era um hábito. "É um cigano. Me parece que ele vai procurando oportunidades. Aqui ele aportou por acaso, como ele externou. Disse que o ódio nasceu três dias atrás, quando ouviu uma mensagem do presidenciável Jair Bolsonaro sobre a questão dos negros, dos quilombolas, indígenas, e aquilo foi crescendo, no íntimo dele, e ele não conseguiu segurar. Aquilo startou nele um sentimento de 'extremismo se trata com extremismo'. Saiu de casa para ceifar a vida de Jair Bolsonaro", relata Magalhães.

Ainda conforme o advogado, Adélio estava há dias em Juiz de Fora, em busca de oportunidade de trabalho. "Ele reportou que seria uma busca de oportunidades [de trabalho] e que há alguns dias ele soube que Bolsonaro estaria aqui. Mas ele é errante. Cada dia está em um lugar, cada dia procurando um emprego, cada hora exercendo uma profissão, de garçom ou qualquer coisa assim", afirma Magalhães à Agência Brasil.

Medicamentos

Outro advogado de Adélio, o mineiro Zanone Oliveira Júnior, afirma que o acusado já fez, no passado, uso de medicação controlada. "Parece que além de psiquiatra ele já consultou com neurologista. Vamos verificar a possibilidade de instaurar um incidente de sanidade mental. A juíza vai designar um corpo psiquiátrico para que faça um minucioso exame acerca da higidez mental do nosso cliente", comenta Zanone também à agência pública de notícias.

De acordo com o defensor, Adélio é politizado e consegue se manifestar bem, mas um perfil psicológico pode revelar questões de insanidade, sociopatia e até psicopatia. Ele destaca, entretanto, que um laudo definitivo cabe aos psiquiatras. "Levando em consideração tudo o que ele nos contou, principalmente esses tratamentos específicos, nós temos elementos robustos que dão ensejo à deflagração desse incidente processual penal de insanidade mental", afirma Zanone.

Problema mental

O advogado diz que, se ele for classificado como preso com problema mental, o objetivo é que não cumpra pena em manicômio judicial, mas no próprio sistema prisional. "A insanidade mental levaria à decretação de uma medida de segurança. E todo mundo sabe que o estado dos hospitais de custódia, que são os antigos manicômios judiciários, a prisão é muito melhor que uma incursão dentro de um sanatório. Mas não podemos passar ao largo dessa informação".

Para os defensores, não houve participação de outras pessoas no crime, segundo relatado por Adélio. "Para nós, advogados, o passado pelo cliente foi: 'Agi sozinho. Por detrás não tem ninguém'. Se ele está mentindo ou dizendo a verdade, nós não temos bola de cristal. A chama que o guiou, a causa que o fez ostentar uma faca contra a vítima, foram os discursos de ódio [de Bolsonaro]", destaca Zanone à Agência Brasil.

Caso seja decretada insanidade mental de Adélio, o advogado disse que o processo seria suspenso e um curador nomeado. Ele poderia ser considerado inimputável ou semi-imputável. Os advogados não revelaram a pessoa que os contratou.

(com Agência Brasil)

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