Publicidade

Estado de Minas EDUCAÇÃO

Grupo de pais de BH pede retorno das aulas presenciais

Movimento Pais Pela Educação já tem cerca de 600 participantes em grupos de Whatsapp e Telegram e planeja manifestação para o próximo domingo (20 de setembro)


postado em 15/09/2020 19:21 / atualizado em 15/09/2020 19:21

Ainda não há previsão de retorno das aulas presenciais em Minas(foto: Freepik)
Ainda não há previsão de retorno das aulas presenciais em Minas (foto: Freepik)
A gerente comercial Sheila Freire de Avelar passou, no início de setembro, por uma situação de desespero em casa. Sua filha, de 6 anos, teve uma crise de ansiedade e teve de ser internada por cinco dias após ficar sem comer, sem falar e sem beber nenhum tipo de líquido. A ansiedade, conta, foi advinda do período de seis meses isolada, longe da escola e de outras crianças. Desde então, Sheila conheceu histórias de outras famílias com questões parecidas e decidiu criar, no último domingo à noite, o grupo Pais Pela Educação BH. O objetivo, segundo ela, é pressionar o poder público pelo retorno o mais rápido possível, de maneira segura e opcional, das aulas presenciais. Até o fim da tarde desta terça-feira (15), já eram mais 600 nomes nos grupos de Whatsapp e Telegram, discutindo diferentes maneiras de divulgar a reivindicação.

"A gente gostaria do direito de escolher. Muitas famílias não querem retornar agora, e elas têm o direito de não ir. Mas outras querem e precisam que as crianças voltem, pela saúde mental delas", afirma. "Minha filha pode adoecer de Covid-19? Pode. Mas ela já adoeceu de ansiedade", afirma. "Assim como tirar da escola era questão de saúde, voltar para a escola também é questão de saúde", completa.

Sheila afirma que o intuito do grupo é reivindicar pelo retorno de maneira segura, de acordo com os protocolos que serão apresentados pelo poder público e pelas escolas, com modalidade híbrida para que quem precise possa ter as aulas de casa também.  "Nosso intuito é voltar com segurança, com maturidade, com muito amor, fazendo tudo de acordo com protocolos. Não estamos sendo levianos, pelo contrário."

A médica emergencista Patrícia Cabral, mãe de um menino de 14 e uma menina de 11, também faz parte do movimento. Ela diz que a vida dos filhos têm sido na frente de um monitor, por onde estudam, conversam com amigos, se entretém. Devido a sintomas relacionados ao isolamento social, a filha está em tratamento psicológico há dois meses. "Eu trabalho no SAMU, João XVII, Santa Casa e vejo aumento importante do número de atendimentos em relação a surtos psicóticos e tentativas de suicídio", afirma.

Em relação ao fato de que escolas da rede pública ainda não estão preparadas para o retorno como muitas instituições particulares afirmam estar, Patrícia diz que o ideal seria todas voltarem ao mesmo tempo. No entanto, na impossibilidade, pensa que a volta das particulares para aquelas famílias que precisam e desejam retornar pode ser uma experiência a ser aproveitada pelas públicas depois. "Os pais já estão saindo para trabalhar, frequentando bares, academias. Estão circulando e podem eles trazer a doença para casa de toda forma. A incidência da doença na criança é muito baixa, e mesmo nas que vêm a ter, a incidência de complicações também é muito baixa", diz.

Uma das preocupações dos participantes é quanto ao discurso de que as escolas só podem voltar após a vacina. "Não podemos esperar, porque sabemos que isso ainda demora. Assim, entraremos em 2021 também no ensino remoto emergencial, já que, quando a vacina chegar, a prioridade serão idosos, profissionais de saúde, pessoas com fatores de risco", afirma.

O grupo marcou uma manifestação na Praça da Liberdade neste domingo (20), às 10h.  "Queremos mostrar a urgência disso. A escola foi deixada para a última etapa, mas a saúde mental das crianças não pode esperar. Tendo protocolo, não há por que esperar", diz Sheila. 

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade