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Estado de Minas POLÊMICA

Casa de João de Deus em Abadiânia continua funcionando

Famoso médium está sendo acusado de assédio e abuso sexual


postado em 11/12/2018 14:42 / atualizado em 11/12/2018 14:43

A Casa de Dom Inácio, onde o médium João de Deus realiza atendimentos e cirurgias espirituais, continua em atividade na cidade de Abadiânia (GO)(foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Divulgação)
A Casa de Dom Inácio, onde o médium João de Deus realiza atendimentos e cirurgias espirituais, continua em atividade na cidade de Abadiânia (GO) (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Divulgação)

As denúncias de que teria abusado sexualmente de dezenas de mulheres que buscaram tratamento espiritual na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), "entristeceram" o médium João de Deus, mas não a ponto de fazê-lo desistir de atender as milhares de pessoas que, semanalmente, o procuram na pequena cidade que fica a cerca de 110 km de Brasília (DF). A informação foi obtida pela Agência Brasil.

Cinco dias após a TV Globo exibir os primeiros depoimentos de mulheres que afirmam ter sido vítimas de crimes sexuais praticados pelo médium, os funcionários do centro espírita estavam trabalhando normalmente nesta terça, dia 11 de dezembro. Segundo assessores disseram à agência estatal de notícias, João de Deus atenderá normalmente pelos próximos três dias.

"Ele está triste, mas está bem. E, no momento certo, vai falar [sobre as denúncias]", comenta Edna Gomes, assessora de imprensa da Casa Dom Inácio de Loyola à Agência Brasil. Segundo ela, o médium já chorou diante da repercussão das notícias, mas está convencido de que esclarecerá os fatos.

Para a assessora, os depoimentos das mulheres parecem conter inúmeras "inconsistências" que precisam ser apuradas. Ao mostrar as instalações do centro espírita aos jornalistas, que chegam à cidade para acompanhar os desdobramentos dos fatos, Edna garante que João de Deus não atende ninguém individualmente, em ambiente separado. "O seu João sempre foi um homem muito respeitador. Conhecendo-o, você percebe que há coisas impossíveis [nos relatos]. Ele mesmo diz que nunca foi santo, mas, neste sentido, não há nada [que o desabone]", afirma a assessora, lembrando que o médium já foi inocentado de denúncias anteriores semelhantes.

"A última vez que falei com ele foi ontem [dia 10 de dezembro]. Ele está chateado, claro, mas está bem. É muita coisa ao mesmo tempo", diz Francisco Lobo, um dos secretários da casa, à Agência Brasil. Ele completa, afirmando estar se inteirando dos fatos. Lobo classifica as denúncias como um "absurdo". "Vamos ter que esperar peneirar para ver o que fica [das denúncias]", acrescenta o secretário, que já foi vice-prefeito da pequena cidade de cerca de 12 mil habitantes e, hoje, atua com voluntário da estrutura montada ao redor do médium.
(foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Divulgação)
(foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Divulgação)

Abadiânia

Segundo Francisco Lobo, além das curas e aconselhamentos espirituais, a Casa Dom Inácio de Loyola se dedica também ao trabalho social. Mantém a chamada Casa da Sopa, onde, além de refeições aos mais pobres e necessitados, oferece atendimento odontológico e outros serviços à população carente, doando material escolar e alimentos. Além disso, a existência do centro espírita movimenta a economia local, com hotéis, bares, restaurantes e pousadas funcionando apenas para atender turistas estrangeiros e brasileiros de outras regiões do país.

"A renda per capita do município praticamente depende do João. Há 83 pousadas em funcionamento, algumas com até 200 quartos. Enquanto a cidade tem pouco mais de 12 mil moradores, a população flutuante mensal ultrapassa 20 mil pessoas. São entre três mil e cinco mil atendimentos semanais", comenta Lobo, explicando parte da razão do "carinho" que a população local diz sentir por João de Deus.

Ainda de acordo com o secretário, a casa funciona há 40 anos no mesmo local e tornou Abadiânia famosa internacionalmente. São 40 funcionários com vínculos empregatícios e 30 voluntários assíduos, mais aqueles que aparecem esporadicamente. "Eu sou mais um. O fluxo é muito grande e é preciso termos gente". Gente que, segundo Lobo, professa todas as fés e vêm de todas as partes do mundo. "Eu mesmo continuo católico. Aqui não se professa religião. É um lugar ecumênico. Há budistas, evangélicos, enfim, de todas as religiões e nacionalidades".

Para a assessora Edna Gomes e o secretário Francisco Lobo, os promotores da força-tarefa criada pelo Ministério Público de Goiás podem ter se precipitado ao anunciar que a mera denúncia, em caso de crimes sexuais, pode ser o suficiente e que não descartam a hipótese de pedir o fechamento do centro espírita. "Eu só acho que a casa não tem nada que ver com isso. A casa é uma igreja. Você vai fechar uma igreja? Agora, se você quer tirar o padre, o pastor, tudo bem, [que se apure os fatos], mas a igreja é a igreja", afirma a assessora.

(com Agência Brasil)

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