A decisão do prefeito Alexandre Kalil (PSD) de interromper as medidas de flexibilização da quarentena em Belo Horizonte, no final da semana passada, desagradou empresários e comerciantes da capital mineira. No último domingo (31) uma carreata saiu às 10h da Praça do Papa, na região Centro-Sul, e se concentrou duas horas depois na Praça da Liberdade. Manifestantes buzinavam e gritavam de palavras de ordem contra o prefeito e de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Nesta segunda (1º), a manifestação foi na Galeria Ouvidor, na rua São Paulo. Lojistas levaram faixas pedindo a reabertura do espaço.
Os cartazes traziam mensagens como "Queremos trabalhar", "Várias lojas não conseguirão reabrir. Quantas mais?". "Nossas famílias precisam de sustento e a única fonte de renda encontra-se bloqueada! Será preciso passar fome?" e "Estamos de luto. Mataram nossas empresas." Segundo o síndico do espaço, Valter Faustino, a Galeria do Ouvidor, que conta com 250 lojistas, reivindica a mesma política concedida pela prefeitura aos shoppings populares, que já funcionam há mais de uma semana. "Nossa estrutura de atendimento é, inclusive, mais robusta e temos condições de cumprir todas as normas de segurança e higiene", diz. "A proibição não tem lógica nenhuma." Valter disse que algumas lojas já encerraram suas atividades, outras precisaram demitir funcionários e muitas estão renegociando o pagamento de aluguéis.
A prefeitura alegou que, embora a situação seja considerada estável em BH, o número de contaminados pelo novo coronovírus em Minas cresceu nas últimas semanas, situação que preocupou os infectologistas membros do Comitê de Combate à Covid-19. Por isso, a decisão de não fazer a chamada segunda onda da primeira fase da flexibilização. "Se BH fosse uma ilha, poderíamos flexibilizar à vontade, mas não somos uma ilha", disse o prefeito Alexandre Kalil.