O tradicional Carnaval da cidade de Oliveira, região centro-oeste de Minas Gerais, foi cancelado pela prefeitura. A crise financeira no município e a falta de água foram os motivos para que um decreto, publicado no dia 11 de fevereiro, proibisse manifestações carnavalescas que utilizassem espaços públicos e que necessitassem do apoio do governo municipal.
O que mais revoltou os foliões foi a possibilidade de perderem os instrumentos musicais e serem multados em R,20. Isso por que o texto do Decreto Municipal 3445 diz que fica vetada a "utilização de som automotivo em alto volume, de instrumentos musicais tais como tambores, banjo, bumbo, tarol, pandeiros e cornetas que causem prejuízo à ordem, ao livre trânsito de veículos e pedestres, bem como à segurança pública".
O coordenador do bloco Loucos Varridos, Márcio Gato, conta que a festa na cidade é tímida, mas que algumas pessoas estão saindo às ruas seguindo o cronograma típico do carnaval. "O bloco dos Cainágua já desfilou pelas ruas, o Pelo Amor de Deus também vai sair e os Loucos Varridos estão garantidos. Nossas fantasias serão fúnebres, em forma de protesto, numa alusão à ditadura. Será nossa resposta pacífica e alegre contra um decreto que foi imposto arbitrariamente", afirma o sambista.
Quem também protestou foi o músico Dudu Nicácio, criado em Oliveira, e que ajudou a criar o bloco Acorda Rosinha, em que os foliões saem às ruas de pijama às 5 horas da manhã no domingo de Carnaval. "É lamentável. Ao mesmo tempo em que Belo Horizonte passa por um momento de crescimento do Carnaval, a tradição diminui no interior. Se a prefeitura de Oliveira não tem condições de fornecer estrutura, tudo bem. Mas proibir de brincar na rua, não!", diz.
De acordo com o procurador geral do município, Bruno Rocha, os blocos podem desfilar momentaneamente, não impedindo o trânsito nas ruas. "Com relação aos instrumentos, só serão apreendidos se causarem prejuízo. A prefeitura não vai dispor de limpeza extra das ruas, nem se responsabilizar se se houver dano ao bem público. O bloco vai ser responsabilizado. Dos vários motivos para o cancelamento do Carnaval, além da falta de água para os turistas, a cidade enfrenta uma grave crise financeira", explica. Ainda segundo ele, os estabelecimentos particulares podem realizar festas, desde que o som e os foliões não invadam a esfera pública.
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CARNAVAL 2015
Blocos protestam contra proibição do Carnaval de rua em OIiveira
Prefeitura publicou decretos de emergência financeira e de suspensão das atividades carnavalescas, o que desagradou os foliões
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