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Estado de Minas LITERATURA

Publicitário mineiro Leo Sevaybricker estreia na literatura infantil

Escritor lança livro em homenagem à sua relação com o enteado


postado em 11/08/2021 00:33 / atualizado em 11/08/2021 00:34

(foto: Divulgação)
(foto: Divulgação)
Um encontro que começou meio sem jeito e culminou em uma gargalhada de cada uma das partes se transformou em uma relação de amor de pai e filho. Na sua estreia como escritor, justamente na desafiadora literatura infantil, o publicitário mineiro Leo Sevaybricker conta a história de quando conheceu seu enteado, João. O Bebê Balofo e o Moço que Gostava de Gatos e Cachorros surgiu como uma carta para o aniversário de oito anos do menino, e narra como Leo, até então não muito interessado em crianças ou em ter filhos, vê a criança de um ano e meio, filho da namorada, e se encanta. As ilustrações de Alexandre Rato foram feitas primeiro em murais que estão pela cidade (e em propriedades particulares) e foram fotografados para o livro. Neste mês dos pais, conversamos com Leo sobre diversos arranjos de família, sobre paternidade e sobre seu livro estreante, que está à venda exclusivamente na loja online da Crivo Editorial. Confira:

No prefácio você fala sobre o livro ter sido originalmente uma carta de aniversário para o seu enteado. Foi um texto na verdade escrito apenas para ele ler?

Sim, é um livro que não nasceu para ser livro. É uma homenagem ao João, meu enteado desde um ano de idade, que me revelou esse tesouro da paternidade. Um dos nossos rituais de aniversário é que eu sempre escrevo uma cartinha. Quando completou 8 anos, a carta ficou maior que o normal. Levei para ele, ele ficou emocionado, e a partir daí, ficou na nossa casa. Sempre que alguém vinha em casa e achava essa cartinha lá, me estimulava a levar para frente. Mas minha escrita é de outra natureza, sou redator publicitário, não me sentia escritor. É uma história muito pessoal, autobiográfica.

Como foi dividir com tanta gente uma mensagem que era íntima?

Foi desconfortável. É muita exposição de uma história íntima nossa. E também o desconforto de me colocar no lugar que não era meu, o de escritor. Porém, isso foi passando quando percebi que, apesar de ser autobiografia, também pode ser a história de outras pessoas. Muitos padrastos e madrastas ficaram felizes com o livro, se identificaram. Porque é um livro sobre a construção do amor a partir de laços que não são biológicos.

Apesar de termos avançado nesse quesito, padrastos ainda não são figuras tão presentes na literatura infantil. Já as madrastas são conhecidas nos contos de fadas como as pessoas más, invejosas… De que forma você acha que seu livro contribui para a literatura infantojuvenil nesse sentido de ampliar o entendimento da família?

Coloca luz numa situação que está sendo discutida inclusive sob o ponto de vista legal; a parentalidade socioafetiva hoje tem os mesmos direitos da parentalidade biológica. O que importa são as relações de afeto. A sociedade caminha para isso, vê isso no dia a dia - na porta da escola, às vezes até mais do que pais e mães, estão lá padrastos e madrastas. Então trazer isso para o livro é de alguma forma estimular a sensibilidade das famílias, inclusive as convencionais.

Há uma sinceridade no livro sobre a questão de que aquele moço não tinha interesse em ter filhos antes do encontro que mudou sua vida. Como foi para você apresentar essa história para os filhos?

Foi algo que eu nunca escondi. A partir do momento em que senti que existia maturidade do João e da Júlia para isso, eles souberam. Eles chegaram a conhecer meu apartamento, onde habitavam os gatos, eles entenderam isso muito numa boa, de um jeito muito tranquilo. Não tive vergonha de contar essa verdade: eu não tinha relação especial com crianças mesmo, e de repente, a mágica da paternidade acabou me tocando. Eles se sentiram vaidosos ao saber que foram os responsáveis por essa transformação.

Como foi o processo para a ilustração do livro?

O Alexandre Rato é um cara que veio do grafite, do muralismo. Ele ilustrou o livro inteiro nas ruas da cidade, em muros de casas, e a gente fotografou e trouxe para a obra. Tem um toque de realismo fantástico nas ilustrações dele, que não são literais da narrativa. Então são três histórias neste livro: a minha com o João, a história do Alexandre com a ilustração, e a soma dessas histórias. E o João ficou feliz, que era o que mais me importava.

Disse que te perguntavam muito, quando seu filho Benjamin nasceu, se era um sentimento diferente da relação com os enteados. O que você responde?

Respondo que não é. Nunca foi diferente para mim. Só no sentido de que cada criança é de um jeito, mas não em relação ao termômetro do amor. A construção da paternidade vem muito mais com o tempo, a relação de afeto vai sendo construída no dia a dia. 

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