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Estado de Minas GASTRÔ

Botecar começa nesta quarta e vai até 11 de maio

O maior evento de bares de BH reúne 35 estabelecimentos que criaram tira-gostos inspirados no Congado


postado em 09/04/2019 08:34 / atualizado em 09/04/2019 14:10

Botecar 2019(foto: Violeta Andrada)
Botecar 2019 (foto: Violeta Andrada)
O tema do Botecar 2019 é cheio de tradição, cultura e fé: o Congado, que é realizado no Brasil desde, pelo menos, o século XVII. A festa, que tem origem africana, é uma homenagem à Coroação do Rei do Congo. Tambores, cavalgadas e homenagens a Nossa Senhora do Rosário tomam conta das ruas das cidades do interior de Minas. Os moradores param para ver o cortejo passar e oferecem quitandas para os participantes. E é abraçando esse espírito festivo que 35 bares da capital criaram receitas inspiradas nos sabores e insumos vindos do continente africano. Entre os ingredientes escolhidos, muita banana da terra, farinha, taioba, rapadura e canjiquinha. Para chegar à sua receita, Consolação Aparecida, a Cida do bar Geraldim da Cida, levou oito meses de pesquisa. Ela quis homenagear a África, trazendo o coco e o amendoim. O prato, batizado de Zumbi dos Palmares, é composto de lombo suado e farofa de farinha de milho com coco, bacon e amendoim. Para acompanhar, molho de rapadura com gengibre e chips de inhame. "Queria muito usar a rapadura. Vi algumas fotos antigas de umas caixas grandes de madeira, onde eram armazenados os doces para não mofar. Fiquei com isso na cabeça", diz. Thiago Lopes, dono do Bar do Helmio II, escolheu o nome Caxambu Suíno para sua criação. Caxambu é uma outra denominação para jongo, dança de origem africana que teve forte influência na formação do samba. O prato leva costelinha suína assada servida ao creme de maracujá, acompanhada de purê de batata recheado com bacon e queijo. "A costelinha com barbecue é um clássico, então inovamos com o maracujá, que traz um sabor mais ácido ao molho agridoce", diz. "E para complementar, o queijo no purê é marca a nossa mineiridade, né?"
Botecar 2019(foto: Violeta Andrada)
Botecar 2019 (foto: Violeta Andrada)
Já Betânia França tem de se superar se quiser levar o bicampeonato do Botecar. No ano passado, ela subiu no lugar mais alto do pódio e viu seu Bazin ser eleito como Melhor Boteco de 2018 com o petisco Realeza - cambito de porquinho, canjica de milho branco cremosa sobre ragu de linguiça caseira com maria gondó e farofa cítrica com triturado de torresmo. "É uma responsabilidade danada", diz. Na tentativa de conquistar novamente o troféu, Betânia está apostando todas suas fichas no Marujada, barriguinha suína e moranga assada, acompanhadas de vinagrete de jiló e geleia de pimenta e gengibre. "A moranga é assada com casca e tudo. Acho importante levantar essa bandeira da sustentabilidade, de aproveitar o alimento como um todo", explica Betânia. A maior inspiração da chef veio das cores usadas no Congado. Além do verde e amarelo da abóbora, o jiló (também preparado com a casca) ganha a companhia de pimentões vermelhos, verdes e amarelos no vinagrete. "Também quis usar produtos que eram dispensados pela Casa Grande. A moranga era comida dada aos porcos e o pobre do jiló, que até hoje sofre muito preconceito, nem entrava na cozinha". Betânia promete surpreender a clientela. "Eles vão descobrir que jiló, quando bem feito, não amarga". Serão 30 dias de muita festa. E fartura.

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