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Estado de Minas

Cansou da cor? Envelope seu carro


postado em 06/07/2011 12:53

Kleber realizou um sonho: “Queria um Mini branco, que não é vendido. Comprei um preto e o envelopei”(foto: Cláudio Cunha, Eugênio Gurgel e Geraldo Goulart)
Kleber realizou um sonho: “Queria um Mini branco, que não é vendido. Comprei um preto e o envelopei” (foto: Cláudio Cunha, Eugênio Gurgel e Geraldo Goulart)

Já imaginou poder renovar a aparência do seu carro com cores exclusivas sem usar tinta, perder tempo nas oficinas e, o melhor, sem dar um rombo no orçamento? A solução é o envelopamento de veículos, uma tendência mundial. O processo é feito com películas adesivas coladas diretamente sobre a lataria do carro.

 

Quando encontrou o carro que tanto desejava, o preparador de carros de corrida Marcelo Augusto Lanna de Castro, 61 anos, se deparou com um problema: a pickup – uma S10 seminova – era da cor verde. “Na época, não tive muita opção. Queria aquele modelo, mas não naquela cor. Foi quando um amigo me sugeriu fazer o envelopamento total do carro”. E foi o que ele fez. Sua S10 foi uma das primeiras a rodar em Belo Horizonte no preto fosco. E mesmo após sete anos de uso, o vinil ainda permanece em bom estado de conservação. “Fiz questão de pagar mais caro por um material importado”, diz Marcelo.

 

O processo de envelopamento é simples e, rápido. Para revestir o carro com a camada adesiva é preciso de, no máximo, dois dias. Assim, além de repaginar o carro, a pintura original é mantida, já que o vinil pode ser retirado facilmente. Outra vantagem é que o material protege a pintura contra a ação do sol e abrasão. Segundo Frederico Fantaguzzi, diretor comercial da Máxima Digital, o ideal é fazer a troca do filme a cada dois anos para preservar a estética do automóvel.

 

 

 

A técnica pode ser utilizada para diversos fins. Empresas costumam fazer plotagem – adesivar partes do veículo – em campanhas promocionais. Pessoas físicas buscam personalizar e estilizar seus carros. É o que explica Álvaro Rodrigues da Cruz, da Color Jet. “A procura de particulares ainda é pequena, cerca de 20% da demanda total. Existe muita resistência por falta de conhecimento do processo”.

 

O custo do serviço varia de acordo com o modelo do carro e a qualidade do material utilizado. Para populares como o Gol e Uno, a média de preço é de R$ 1,2 mil. No entanto, especialistas explicam que quando o vinil é de qualidade inferior, não suporta chuva e demais efeitos climáticos, resultando em desbotamento do filme, dentre outros danos. “O cliente precisa estar atento. Muitas empresas vendem um tipo de vinil e aplicam outro”, alerta André Luiz Siqueira, da AC Designer.
Como no caso da pintura, a durabilidade do vinil está diretamente ligada ao cuidado com sua manutenção. As orientações são simples: lavar com água e sabão neutro, não fazer uso de produtos químicos e evitar exposição ao sol em excesso. Isso sem se esquecer de observar a qualidade do vinil utilizado – próprio para carros – e o acabamento das emendas na instalação.

 

Marcelo de Castro comprou uma S10 na cor verde e a envelopou com o vinil preto fosco: “Foi a melhor solução que encontrei, já que não gostei da cor original”
 

 

A variedade de tonalidades é outro atrativo. São trinta cores na cartela nacional e cinquenta na importada, além de sessenta e duas opções de cores foscas. As cores chamativas e o branco fosco são os mais procurados. Mas a grande estrela ainda é o preto fosco, que ganhou mais notoriedade este ano com o filme Velozes e Furiosos 5: Operação Rio, em carros como o Dodge Charge 1970 e o Dodge Charger Vault SRT8. “Apesar de termos todas as tonalidades para o vinil na linha fosca, semibrilho e autobrilho, o preto fosco ainda é o mais procurado”, destaca Júlio Franco, da Digimax.

 

Mas o envelopamento de carros também apresenta desvantagens. Como no caso das tintas, os arranhões são facilmente visíveis. Para minimizar o risco, o indicado é o vinil de fibra de carbono que, por ser mais grosso, é mais resistente, mas possui peculiaridades: é bem mais caro e de difícil aplicação. Dentre os melhores estão também o vinil antichip – próprio para evitar o estrago decorrente de pedras nas estradas – e o cast – material mais sofisticado. “Para cada trabalho é recomendado um tipo específico de película. Para ações promocionais, indicamos os mais simples. O mais usual é o vinil polimérico, que possui média durabilidade. Em casos específicos utilizamos o cast e o antichip, materiais importados de fácil moldagem e alta durabilidade. A fibra de carbono é mais usada no teto”, explica Jonathan de Souza Araújo, da Superadesivos.

 

Para deixar seu carro ainda mais charmoso, o empresário Ivo Moreira apostou nos adesivos: “Comprei um Cerato na cor branca e incrementei com detalhes pretos”
 

 

Alguns detalhes precisam ser observados. Quando utilizado na lataria do carro, o adesivo pode durar em média quatro anos. Já se for instalado em maçanetas e para-choques, a durabilidade é reduzida a cerca de 60 dias. O motivo é que materiais texturizados não oferecem a mesma aderência.

 

É preciso lembrar que mudar a cor do carro exige também trabalho burocrático. Como o veículo sofre alteração em suas características originais, é necessário apresentar ao Detran a nota fiscal indicando a mudança realizada. A partir daí, a cor fantasia constará no Certificado de Registro do Veículo (CRV) e no Certificado de Registro de Licenciamento do Veículo (CRLV). No caso de se manter a mesma tonalidade o processo não é necessário. O custo para esse procedimento é de R$ 52,35.

 

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), os adesivos também podem ser utilizados nos vidros dos veículos desde que não retirem mais de 50% de sua visibilidade interna. Com exceção para os vidros laterais de passageiros e motoristas e também o para-brisa, que não podem ser adesivados.

 

Visualizando um nicho no mercado automobilístico, montadoras e concessionárias também aderiram à personalização dos veículos. Já é possível comprar um carro zero quilômetro e deixá-lo com a aparência que preferir. A Fiat oferece kits para que o consumidor personalize a carroceria do Novo Uno e do Cinquecento com temas variados. “É possível personalizar o carro com adesivos menores, a partir de R$ 50”, diz Ivisson Grossi, coordenador de vendas da concessionária Automax.

 

A Kia oferece o serviço de personalização em modelos como Soul e Picanto, sendo as faixas duplas as mais pedidas. No Cerato é possível colocar o teto na cor preta. Foi o que fez o empresário Ivo Moreira Gomes, 55 anos: “Comprei um Cerato na cor branca e coloquei adesivos pretos no teto, para-choque e laterais. O carro ficou muito charmoso”.

 

O gerente de marketing da concessionária Kia Brisa, Vinicius Soares de Andrade, conta que a plotagem é ideal para carros como o de Ivo, brancos, pois são muito estereotipados como táxi. “Por isso buscamos personalizar esses veículos oferecendo várias opções aos clientes. O Cerato, por exemplo, ganha um ar mais esportivo. O Soul adquire formas geométricas, estampas e faixas. Já no Picanto é muito usada uma faixa branca do capô à traseira”. Detalhes que fazem a diferença no design e também no preço do carro. Na Kia, o custo é a partir de R$ 500.

 

 

 

O Mini Cooper também pode ser personalizado com adesivos. Os mais procurados são as bandeiras de países, faixas laterais e plotagem que imita fibra de carbono. “Temos modelos e cores específicas vindas de fábrica. Mas também oferecemos ao cliente a possibilidade de decorar o carro conforme sua preferência. O serviço é realizado por meio de parceiros da concessionária”, explica a gerente comercial da Mini Euroville, Andréa Magalhães Pinto. Segundo ela, 98% dos carros vendidos saem personalizados. Um luxo que tem o custo mínimo de R$ 700.

 

Alguns não se preocupam com o preço e pagam um pouquinho mais. É o caso do empresário Kleber Ribeiro, 40 anos. Decidiu ter um Mini Cooper branco. O problema é que o carro não é vendido nesta cor. O tom mais aproximado é o creme. Não viu obstáculo na questão. Comprou um Mini preto e pagou R$ 3 mil para envelopá-lo na cor branca. Não satisfeito, mandou envernizar o vinil. “E ainda saí no lucro. Se fosse pintar em uma oficina mecânica gastaria o triplo”. Ele garante que quase ninguém percebe a diferença: “Parece até pintura mesmo, com a vantagem de poder voltar à cor original quando cansar da atual”.

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