Publicidade

Estado de Minas

Contra o desperdício


postado em 19/09/2011 14:14

Pavilhão onde são higienizadas as caixas vendidas ou alugadas aos comerciantes da CeasaMinas(foto: Maíra Vieira)
Pavilhão onde são higienizadas as caixas vendidas ou alugadas aos comerciantes da CeasaMinas (foto: Maíra Vieira)

Poucos são os brasileiros que têm consciência do grau de desperdício de alimentos entre nós. Seja no supermercado, no sacolão ou em casa, somos um país de esbanjadores. Os números desta farra impressionam. Estudo realizado recentemente pela Embrapa mostrou que o brasileiro joga fora mais do que consome alimentos. A média de desperdício no Brasil está entre 30% e 53%. Nos Estados Unidos, este índice não chega a 10%.

 

Sistema de higienização das caixas
 

 

De acordo com pesquisa coordenada pelo professor Luiz Carlos de Oliveira Lima, do Departamento de Ciência dos Alimentos da Universidade Federal de Lavras (Ufla), uma das principais causas do problema é mesmo a maneira como são feitos o transporte e o manuseio da mercadoria no país.

 

Tanto desperdício não é para menos: o tipo mais usado para acondicionar e transportar os produtos, na grande maioria das centrais de abastecimento – as famosas Ceasas – brasileiras ainda é a caixa de madeira ou de papelão. Feitas com material não higienizável, por lei elas deveriam ser descartadas após a primeira utilização. Mas, sem fiscalização, elas acabam retornando ao mercado e sendo utilizadas. E aí começa o perigo: além de danificar os alimentos, trazendo prejuízos econômicos, ao retornar às lavouras, as caixas de madeira podem contaminar as plantações. Isso sem falar que podem causar doenças nos consumidores.

 

 
 

 

Para mudar o panorama do desperdício, a CeasaMinas, em Contagem, na região metropolitana de BH, uma das maiores do país, resolveu enfrentar o problema. Ela acaba de inaugurar o Banco de Caixas Uai Higienização e Logísticas. Com um investimento total de R$ 15 milhões, o projeto pretende instalar, até o final de 2013, seis máquinas higienizadoras das caixas onde são acondicionados os produtos desde a colheita.

 

João Alberto Lages, presidente da CeasaMinas: “Em dois anos e meio, todo o mercado será feito em caixas plásticas higienizadas”
 

 

A implementação do Banco de Caixas será gradativa. “A partir do próximo dia 2 de outubro, todo tomate e banana comercializado aqui dentro terá necessariamente que estar acondicionado nas caixas plásticas”, explica o diretor do Banco Uai, Rogério França.

 

O uso de embalagens para frutas e hortaliças é regulamentado pela Instrução Normativa Conjunta 009 de 2002, do Ministério da Agricultura, A norma não determina que tipo de embalagem deve ser utilizado, mas prevê que toda caixa retornável necessita de higienização.

 

 

 

França explica que, no entanto, a maioria das caixas utilizadas atualmente chega, às vezes, a retornar até 10 vezes para a lavoura, causando estragos. “A madeira carrega mais facilmente os fungos. Além disso, os pregos e quinas salientes danificam os frutos. E a área que apodrece atrai mais doenças. Isso tudo vai ser melhorado a partir da padronização”, acredita.

 

Responsável pelo forte crescimento da CeasaMinas, de mais de 1 mil porcento nos último quatro anos, o presidente da instituição, João Alberto Paixão Lages, explica que o novo banco fará toda a logística da higienização e sanitarização das caixas plásticas de uso no mercado. “Todo mundo que trabalha com alimentos sabe que um problema grave que o Brasil vive ainda hoje é a reutilização de embalagens. Em Minas e no Brasil afora ainda usamos as chamadas caixas de madeira de segundo e terceiro prego”, explica.

 

 

 

Entre as possíveis doenças veiculadas por caixas estão a hepatite, a tuberculose, a meningite e a cólera, além da presença da salmonela . “Este banco de caixas servirá para isto: eliminar qualquer tipo de risco”, diz Lages. Ele explica ainda que em dois anos e meio todo o mercado do CeasaMinas será feito em caixas plásticas higienizadas. Ou então serão utilizadas as embalagens de madeira ou o papelão de uso único, e que serão descartadas e recicladas. “É muito importante que todos, tanto produtores quanto consumidores, tenham consciência da importância deste projeto”, explica.

 

O sistema de banco de caixas funcionará 24 horas por dia, através do sistema de logística reversa, que utiliza créditos na forma de vales-caixa, com a rotatividade das embalagens plásticas. Essas caixas serão vendidas ou alugadas aos comerciantes da central de abastecimento.

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade