Encontro correu os olhos pelas passarelas de lançamento das coleções de moda verão 2011-2012 e já aposta em alguns sucessos. Grifes mineiras, em especial, demarcaram muito bem nos desfiles o que vão lançar para as brasileiras usarem no seu dia a dia.
A Patachou, por exemplo, trouxe novos ares muito bem-vindos, depois de um inverno carregado de brilhos e texturas: a seda, que já é chique desde que nasceu, e também o piquê – em aplicações mais nobres que, com bordados, ganha noites charmosas.
Inspirada no edifício Biarritz, no Rio, que soma a atmosfera art déco dos anos 1940 ao ar tropical brasileiro, a estilista Érica Frade criou uma coleção fresca, colorida e, o mais difícil, recheada de classe, em que predominou a leveza brasileira e tropical que veste e define a mulher brasileira.
A Coven fez uma coleção inspirada. No sentido inteiro da palavra. Liliane Rebehy pode se dar ao luxo de criar uma coleção única e particular, sem se preocupar com o contexto do que se está usando. Prova disso é que, em um verão de modelagens amplas, a estilista mostrou peças que se encaixam no corpo e quase sempre precisam de suas formas para se configurar.
O verão da Cori valoriza tons pastéis, em saias plissadas e pernas de fora |
Triton confirma que o efeito plissado está forte nesta estação |
A coleção de Ronaldo Fraga se inspirou na obra de Noel Rosa |
Bordados de miçangas trazem formas de borboletas que, sem nenhuma obviedade, também aparecem nos modelos da Coven. Fios de lurex em ouro e prata lembram bordados indianos. As listras mudam de cor ao longo do corpo, ou às vezes revelam a silhueta de um gato. Laranja, verde, rosa e roxo se misturam com o branco e o preto. Saias e calças têm cintura alta, como nas civilizações ancestrais.
Patachou: sandálias baixinhas e coloridas |
Na coleção de Alexandre Herchcovitch, mangas amplas dão personalidade à roupa |
Aposta da Patachou nas estampas de bichos, como a cobra |
As modelagens são simples porque exploram a riqueza dos tecidos. Os vestidos longos são leves e fluidos, com bordados manuais, e os curtos vêm com decotes. Uma coleção que vai além da sensualidade, revelando a sutileza da energia feminina. Tecendo roupas como quem faz joias, a Coven se mostrou uma das marcas mais maduras desta temporada do Fashion Rio.
Famoso por ir muito além da moda, Ronaldo Fraga faz o mesmo com seus desfiles. Dessa vez ele viajou ao Rio de Janeiro dos anos 1930, chegando à extensa obra de Noel Rosa. Fez na passarela coberta de confete um carnaval lírico, com um sósia de Noel cantando ao vivo, e colocou seu bloco na rua: uma coleção diferente do que se espera de uma inspiração carnavalesca. Os bailes serviram para basear suas peças no preto e branco, com perfume de pierrôs, marinheiros e colombinas em seda, shantung, linho e tule.
Clássico da moda, as listras são repaginadas pela Tufi Duek |
Transparências e pantalonas largas: charme e corforto por Ronaldo Fraga |
A Cori investe em looks inteiramente brancos: tendência forte no verão |
Ao distribuir sacos de confete pelos assentos na plateia, Ronaldo nos convidou a uma festa. O desfile se encerrou, mas o baile não. Noel continuou cantando, as modelos fizeram folia e a plateia foi para o meio da pista, desfilar as cores de nossas tristezas e alegrias.