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Estado de Minas

Preocupados com dólar


postado em 06/10/2011 11:28

Depois de ir à China, Fábio Penna e Nicola Joncew montaram uma empresa de automação residencial(foto: Leo Araújo, Eugênio Gurgel, divulgação)
Depois de ir à China, Fábio Penna e Nicola Joncew montaram uma empresa de automação residencial (foto: Leo Araújo, Eugênio Gurgel, divulgação)

Apesar de ser um assunto ligado à área econômica, a alta do dólar, que teve início no mês passado, em virtude do nervosismo do mercado financeiro com a crise na Europa, é preocupação para os consumidores de produtos tecnológicos. Muitos objetos de consumo, como smartphones e tablets, são produzidos no exterior, principalmente na China, e seus preços são atrelados à moeda americana. Mas existe uma luz no fim do túnel, com a vinda de suas fábricas para o Brasil.
O dólar começou o mês de setembro cotado a R$ 1,60, e no dia mais crítico, dia 22, subiu para R$ 1,90, o que representa alta de 18,75%. Para entender como isso afeta o consumidor, imagine que você comprou um iPhone 4 com cartão de crédito nos Estados Unidos em agosto por US$ 599, e sua fatura foi finalizada em 22 de setembro. Quando for pagar a fatura, o valor do celular saltará de R$ 950 (câmbio de agosto) para R$ 1138, ou seja, quase R$ 200 de prejuízo.

 

Quem passou por essa dor de cabeça foi o estudante de engenharia elétrica Nicola Joncew, que possui uma empresa em parceria com Fábio Penna e importa produtos de automação residencial. Quando estava visitando a China, aproveitando para conhecer os fornecedores, comprou um notebook. “Estamos mais receosos em comprar com cartão de crédito internacional. O notebook que trouxe da viagem me deixou com um prejuízo de R$ 300”, reclama Nicola. Além disso, ele explica que sua empresa está com as vendas paralisadas até que o mercado de câmbio fique estável. “A baixa do dólar estava ajudando. Como todos os componentes que usamos são importados, a gente vira refém do setor financeiro”, completa.

 

Jailson Medeiros, diretor da loja da Fnac em BH, garante que a mudança do câmbio não chegará ao preço final: “Como compramos altos volumes, nada é repassado ao cliente”
 

 

O consumidor deve ficar atento não apenas às faturas de cartão de crédito, mas também às lojas, para saber se haverá repasse da alta da moeda americana para os preços dos produtos importados. De acordo com o professor Wanderley Ramalho, coordenador de pesquisas e desenvolvimento do Ipead (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis) da UFMG, a diferença na cotação do dólar ainda não está num ponto que afete o consumidor final. Ele chama a atenção para a especulação: “Ainda não captamos reflexos do aumento do dólar nos preços. De qualquer forma, o consumidor deve ficar vigilante para coibir os aumentos especulativos”. Ou seja, mesmo que não tenham adquirido o produto importado com preço mais alto, alguns lojistas, pelo simples fato de a instabilidade cambial ser notícia tão alardeada, repassam o valor para o consumidor.

 

A Fnac, que vende de livros a iPad, garante que a política da empresa já coíbe esse tipo de atitude especulativa. O diretor da loja que fica no BH Shopping, Jailson Soares Medeiros, explica que a empresa possui estoque elevado e que apenas 10% dos produtos de tecnologia são importados. “A alta do dólar, em função do poder de compra da empresa e do volume de estoque, não é repassada para o cliente. Os itens que importamos passam por grandes negociações, o que possibilita trabalhar na prática normal de preços”, afirma.

 

A Microsoft anunciou a fabricação do videogame

Xbox 360 no Brasil: preço vai cair mais de R$ 200

 

 

Uma boa notícia para os fãs de tecnologia é a vinda de fabricantes para o país. No início do ano, por exemplo, o governo brasileiro anunciou a instalação de fábrica da Foxconn, empresa chinesa que é subsidiária da Apple e que, consequentemente, produzirá o tablet iPad no Brasil.

 

Além disso, no fim do mês passado a Microsoft informou que uma fábrica em Manaus será responsável por abastecer o mercado brasileiro com o videogame Xbox 360. Isso deve fazer com que o preço do modelo mais básico caia de R$ 1 mil para R$ 799. Segundo fontes do mercado, Nintendo e Sony também estão estudando a instalação de subsidiárias no país. “O estímulo à produção nacional é a melhor saída para a redução dos preços de eletrônicos”, diz Igor Lopes, editor-chefe do portal Olhar Digital, especializado em tecnologia.

 

Fica então a pergunta: é para se preocupar com o dólar ou não?

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