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Estado de Minas

O gigante acorda


postado em 27/02/2012 12:32

Novo estádio do Independência reabre as portas em março: América faz o primeiro jogo em BH(foto: Sylvio Coutinho/divulgação, Maíra Vieira, Jackson Romanelli/EM DA Press)
Novo estádio do Independência reabre as portas em março: América faz o primeiro jogo em BH (foto: Sylvio Coutinho/divulgação, Maíra Vieira, Jackson Romanelli/EM DA Press)

O jogo de inauguração já foi definido: segundo a Federação Mineira de Futebol (FMF), o América será o anfitrião da festa. O novo Independência abrirá suas portas aos torcedores mineiros na segunda quinzena de março. O Coelho deve estrear o estádio em uma partida do Campeonato Mineiro contra um adversário do interior.

 

Nas cadeiras, Afonso Celso Raso, um dos membros do Conselho Administrativo do América, acompanhará, pela segunda vez, a inauguração do estádio. Em 25 de junho de 1950, aos 17 anos e ao lado do irmão mais velho, Pedro Raso, o dirigente assistiu ao primeiro jogo no Horto: a vitória da Iugoslávia sobre a Suíça por 3 a 0, ainda na primeira fase da primeira Copa do Mundo realizada no Brasil.“Vi os três jogos daquela Copa. O que mais me marcou foi a vitória dos Estados Unidos sobre a Inglaterra. Aquela ainda é a maior zebra de todos os mundiais”, recorda-se Raso. O outro jogo de 1950 disputado no estádio foi a goleada do Uruguai por 8 a 0 sobre a Bolívia. “Esse jogo só se tornou marcante porque, depois, a Celeste Olímpica bateu o Brasil na final, em outra zebra”, diz.

 

Afonso Celso Raso, do Conselho Administrativo do América: ele vai acmpanhar pela segunda vez a inauguração do estádio; a primeira foi na Copa do Mundo do Brasil, em 1950, aos 17 anos
 

 

Quase 62 anos depois, o mundial de futebol volta ao Brasil e bate às portas do Independência. Dessa vez ele não receberá jogos, mas servirá de apoio às seleções que jogarem em Belo Horizonte. Outra função seria auxiliar os times da capital durante a reforma do Mineirão. No entanto, como a obra demorou a começar, essa meta foi prejudicada.

 

O governo do estado, com um auxílio de R$ 30 milhões do governo federal, investiu R$ 130 milhões no novo Independência, para atender às demandas do futebol contemporâneo. As pessoas não assistem às partidas em pé, como em 1950; por isso, o novo estádio receberá, no máximo, 25 mil torcedores, todos sentados. O Estatuto do Torcedor, sancionado em 2003 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez com que a paixão pelo futebol se encontrasse com o direito dos consumidores. “O Independência é um estádio feito respeitando o estatuto e também as regulamentações da Fifa, o que nos permite receber jogos internacionais”, diz Sérgio Barroso, secretário extraordinário da Copa.

 

A intenção da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa-MG) era de abrir o estádio com um jogo da seleção brasileira. No entanto, os conflitos na agenda da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) afastaram essa possibilidade. “Mas o Brasil ainda vai jogar no Independência. Estamos em negociação e, possivelmente, a seleção pré-olímpica faça algum jogo preparatório para Londres aqui”, completa Barroso, referindo-se à preparação para as Olimpíadas este ano, na Inglaterra.

 

Inaugurado em 1950, o estádio do Independência foi palco de importantes jogos da Copa e clássicos do campeonato mineiro
 

 

Sem a seleção brasileira e sem Atlético e Cruzeiro, a inauguração terá um público mais modesto, acredita o secretário. Mas, nisso, ele vê uma questão positiva: “Será possível testar melhor os equipamentos dos estádios, e também a forma como chegar até ele. Será um bom teste para os grandes jogos que o estádio ainda receberá”, destaca Barroso. A principal preocupação é com a forma como os torcedores chegarão ao novo Independência.

 

Tanto que, em conjunto com a Prefeitura de Belo Horizonte e a BHTrans, Barroso pretende lançar o projeto “Independência a Pé” para incentivar os torcedores a deixarem seus carros na garagem e utilizarem o transporte público. “Trabalhamos com quatro alternativas para chegar ao Independência: a população do Horto chegará a pé, e há também o metrô, os ônibus e os carros. Queremos estimular as pessoas a utilizarem as três primeiras alternativas”, comentou o secretário, que, no entanto, diz não esquecer quem preferir ir ao estádio de carro. “Há uma estação de metrô a menos de 600 metros do Independência. É uma grande alternativa. Mas sei também que o metrô não atinge todos os belo-horizontinos. Para aqueles que não têm como fugir da opção do carro, já estamos conversando com a BHTrans, e haverá a mudança de mãos no trânsito do Independência. Temos que fazer o trânsito fluir”, explica Barroso.

 

O secretário de Transportes e Obras Públicas (Setop), Carlos Melles, acredita que, para um futuro próximo, a chegada ao Independência será ainda melhor. “Se tudo der certo, até 2014, a linha de metrô que atende à região do Independência terá sua capacidade aumentada de 200 mil pessoas por dia para 600 mil. Isso seria um grande auxílio”, diz.

 

O estádio reformado terá capacidade para 25 mil torcedores: todos sentados, como determina o Estatuto do Torcedor
 

 

Com o fechamento do Mineirão, o novo Independência aparece também como único espaço para megaeventos em Belo Horizonte. Barroso explica que, mesmo antes de concluído, a sua secretaria já recebe muitas ligações sobre a disponibilidade do local para shows de música, para encontros religiosos e eventos empresariais. Barroso deixa isso nas mãos do Consórcio Arena Independência, que administra o estádio. “Não há ainda um estudo concluído sobre quantas pessoas cabem no gramado do estádio. Mas já há muita gente perguntando isso. É uma carência que Belo Horizonte tem. Mas é bom deixar claro que o uso principal do estádio é o futebol”. Mais do que isso ‒ o secretário lembra que o Independência fica em uma região residencial, e que é preciso ouvir os moradores do Horto: “Temos de receber quem mora perto do estádio. E, mais uma vez, o Independência foi feito, principalmente, para receber jogos de futebol”.

 

O valor mínimo a ser pago pelo consórcio Arena Independência ao governo será 10,58% da receita bruta, o que equivale a R$ 2,4 milhões ao ano. Mas o governo poderá receber mais do consórcio. Se a receita bruta do Independência for maior que R$ 22,7 milhões ao ano, o governo receberá 10,58% de cada real que passar deste patamar. O consórcio terá direito a explorar o estádio por 10 anos.
 

 
 
 

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