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Estado de Minas

A vez dos gatos


postado em 14/09/2012 11:17

A engenheira civil Cláudia Veiga com o marido, Celmo Silva, e a filha Ana Maria(foto: Samuel Gê, Eugênio Gurgel, Geraldo Goulart, Paulo Márcio)
A engenheira civil Cláudia Veiga com o marido, Celmo Silva, e a filha Ana Maria (foto: Samuel Gê, Eugênio Gurgel, Geraldo Goulart, Paulo Márcio)

Independentes, curiosos e muito elegantes, não é de hoje que os gatos vêm conquistando fãs mundo afora. Vencendo as superstições e driblando a concorrência canina, são quase 21 milhões apenas no Brasil. Com um aumento do número de gatos em 13% em 2009, a previsão, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpert), é que eles sejam maioria até 2020, superando o número de cães, que atualmente é de 37 milhões. Nos Estados Unidos, dados do instituto norte-americano Pet Food Institute mostram que os gatos representam mais da metade dos animais domésticos – estatística que acompanha a tendência mundial, que apresenta 204 milhões de gatos contra 173 milhões de cães. Mas por que os bichanos têm se tornado tão populares?

 

No antigo Egito, eram tidos como animais sagrados. Na Idade Média, símbolo de má sorte, especialmente os gatos pretos.  E, na sociedade atual, tornaram-se uma ótima opção para quem quer ter um bichinho de estimação em casa – principalmente em pequenos espaços – sem ter tanto trabalho e podendo ficar tranquilo, mesmo trabalhando fora o dia todo. “Acredito que eles sofrem menos que os cães ao ficarem presos no apartamento. Para mim e o meu marido, Paulo, ter o Boris, nosso gato persa de 8 anos, foi a melhor opção. Como viajo muito, eles se tornaram grandes companheiros. Fico até com ciúmes”, brinca a restauradora Denise Lampert, de 52 anos.

 

A restauradora Denise Lampert conseguiu um ótimo companheiro para o marido, Paulo, enquanto viaja: “O Boris não desgruda dele. Fico até com ciúmes”
 
 

Fáceis de adaptar e, em sua maioria, desgarrados do ser humano, vivem em um mundo próprio, onde raramente aceitam intervenção. O que significa que obediência não é um dos fortes dos felinos. Carinho e atenção dos donos são bem-vindos, mas só quando eles querem. Na maior parte do dia, estão mais preocupados em dormir – gatos dormem em média 14 horas diárias – e em se lamber, já que na outra parte do tempo em que estão acordados se dedicam à higiene do pelo. Por isso, não se espante ao se deparar com aquele olhar prepotente e até mesmo esnobe, comum dos gatos, como se estivessem ignorando a mão que os afaga. Quando quiser sua atenção, ele vai atrás e pode ser muito amoroso. “Minhas duas gatinhas, a Zowie, angorá de 12 anos, e a Mel, bengal de 3 anos, são minha sombra. Aonde vou, vão junto, e adoram quando converso com elas”, conta a professora Rejane Márcia Freitas de Oliveira, de 68 anos.

 

Para serem felizes, os gatos precisam de apenas de três coisas: uma boa ração, água fresca e um lugar confortável para viver. No mais, eles se ajeitam. Dormem onde querem, comem quando querem e sobem onde lhes for mais conveniente. Banho, tomam apenas uma vez ao mês. “O ideal é não passar mais de três meses sem tomar banho, mantendo uma média de pelo menos quatro banhos por ano, principalmente gatos de pelos longos. Mas isso vai depender muito do temperamento de cada animal e da poluição do local onde ele vive”, explica o esteticista felino Edney Freitas. Fora isso, adoram beber e brincar com a água da torneira, se esconder em qualquer buraco que encontram, caçar insetos desavisados e espreitar pássaros pela janela. Alguns até aceitam ser guiados pela coleira e podem ser levados para passear. Mas a maioria não gosta muito – e não precisa nem explicar o porquê. Afinal, gato é bicho livre, independente. “Hoje, tenho quatro gatos. O mais velho é o Snifhy, da raça scottish fold, de 2 anos. Mas antes eu não gostava muito de gatos, tinha uma certa resistência. Influenciada pela minha filha, Ana Maria (9 anos) e por meu marido, Celmo Silva (45 anos), hoje não vivo sem eles”, diz a engenheira civil Cláudia Márcia Veiga da Mata, de 44 anos.

 

 A professora Rejane Freitas tem companhia garantida: 
“Zowie faz questão de ficar sempre perto de mim”
 
 

Mas não se engane. Apesar de se adaptarem facilmente, os gatos são exigentes. Detestam sujeira e não comem qualquer coisa, o que torna fundamental a escolha de uma dieta saudável e saborosa que, além de agradar ao paladar do animal, previne doenças comuns na espécie, como a insuficiência renal. Providenciar a areia higiênica para que possam enterrar os seus dejetos também é fundamental. Telar as janelas dos apartamentos é outra medida essencial, pois, ao contrário do que muitos pensam, mesmo para os gatos algumas quedas são fatais. Castrar também é necessário, levando-se em conta que as gatas entram no cio entre o sexto e o oitavo mês de vida, por no mínimo uma vez a cada 30 dias, o que está diretamente ligado à quantidade de luz e calor a que estão expostas.  Quando prenhes, geram em média cinco filhotes. E fique atento: injeções para evitar a gravidez não são recomendáveis. “Quando não se tem interesse na reprodução, o ideal mesmo é castrar. As injeções provocam muitos efeitos colaterais, como o descontrole hormonal, que pode levar a tumores de mama e problemas uterinos”, destaca Márcia Moller, veterinária especializada em felinos, da Clivet.

 

Para prevenir o contágio de doenças comuns entre os gatos, além das três doses iniciais, as vacinas antirrábica e quádrupla devem ser aplicadas anualmente. Observar qualquer alteração no comportamento do animal, como a perda de apetite, arrancar o próprio pelo ou agressividade, também ajuda a prevenir a evolução de doenças como as respiratórias, ortopédicas e o diabetes. “Poucas pessoas sabem que os gatos sofrem dores fortíssimas quando apresentam quadros de hérnia de disco, bico de papagaio ou microfraturas. E o primeiro sintoma é a mudança comportamental”, explica a veterinária Liliane de Abreu Caetano, da Associação Bichos Gerais, especializada em acupuntura e fisioterapia em felinos. A partir dos 7 anos de idade, o checape periódico deve ser reforçado, já que os gatos entram efetivamente na terceira idade por volta dos 10 anos, podendo viver entre 15 e 20 anos.

 

Para o analista de sistemas Fábio Carvalho e sua esposa, Margherita, família feliz tem de ter cão e gato: “Convivemos tão bem que sempre estamos juntos”
 
 

E a boa notícia é que cães e gatos podem, sim, compartilhar o mesmo espaço. Segundo os especialistas, mediante algumas medidas de segurança, a convivência pacífica das duas espécies é possível. “Para que o gato não seja agredido, especialmente por cães de grande porte, o ideal é fazer a aproximação gradativa e com muita cautela”, orienta o terapeuta canino Jean Cloude. E destaca que a adaptação se torna muito mais tranquila quando ambos são filhotes. Na casa do analista de sistemas Fábio Carvalho de Lima, 42 anos, a turma convive e dorme reunida. “Nossa família é grande. Eu e minha esposa, Margherita, temos dois gatos da raça britânico, o Windsor, 10 anos, e o Merlin, de 2. E dois cães da raça lhasa apso, o Spok, 11 anos, e a Tifany, de quatro. Convivemos todos tão bem que até dormimos na mesma cama”, revela Fábio. O segredo para tanta união? Muito amor.

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