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Estado de Minas

Nova idade, nova tendência


postado em 12/11/2012 10:02

Atores veteranos como Jane Fonda (à direita, de preto):eles estão em E Se Vivêssemos Todos Juntos(foto: Divulgação)
Atores veteranos como Jane Fonda (à direita, de preto):eles estão em E Se Vivêssemos Todos Juntos (foto: Divulgação)

Uma deliciosa comédia francesa vem confirmar o recente espaço para os medalhões do ofício de representar. Trata-se de E Se Vivêssemos Todos Juntos? (Et si on Vivait Tous Ensemble?), em que cinco amigos, todos septuagenários, decidem morar na mesma casa. Um jeito de aliar as comodidades, os contratempos e dar importância ao que de fato vale a pena. Um roteiro simples e que jamais decepciona no quesito qualidade de interpretação.

 

Entre os amigos, uma Jane Fonda radiante, exigindo ser presença essencial e obrigatória em mais e mais longas-metragens. Também a sempre agradável Geraldine Chaplin, cada dia mais parecida com o papai mito. Mas quem de fato emociona e mais diverte é o veterano e múltiplo artista francês Pierre Richard, no papel de um doce e encantador marido.

 

Não se trata de favor ou piedade, e sim de reconhecimento daqueles que têm as rédeas da boa atuação em suas mãos. A lente agradece e sabe ser refém destes experientes mestres. A profusão de histórias protagonizadas por artistas maduros expõe o desejo de um novo filão para o cinema nos próximos anos.

 

Um fotograma feito a pincel: nomeado para a disputa da Palma de Ouro em Cannes 2012 e já considerado pela crítica um dos melhores do ano, a nova empreitada do diretor Wes Anderson, Moonrise Kingdom, é mais uma vez, antes de tudo, arte plena para os olhos. A sensação de franca nostalgia é a de um trabalho escolar executado com extremo perfeccionismo. O cineasta, partindo de um universo lúdico e, até por vezes, inocente, sabe propor ao público uma das mais ácidas e diretas visões da tão estudada sociedade média norte-americana.

 

Cometendo o sacrilégio de resumir o que propositalmente foi feito para ser rebuscado, a história acontece em uma ilha, na década de 1960. Dois pré-adolescentes se apaixonam e decidem deixar para trás o atraso daquela comunidade, fugindo para uma promissora vida de casal no continente. No elenco, a patota que Wes Anderson, para nossa sorte, sempre carrega consigo, a começar por seus dois curingas de sempre, Bill Murray e Jason Schwartzman. A nítida cumplicidade e o desejo de sempre acertar, ou simplesmente de fazer o melhor, já servem de adiantamento para a excelência óbvia das produções adoravelmente esquisitonas de Anderson.

 

Com carpintaria própria e cada fotograma que mais se assemelha a uma pintura, Anderson sabe deslumbrar desde o figurino, passando pela direção de arte, até chegar propriamente ao caminho percorrido pela câmera. Em Moonrise Kingdom, assistimos a uma justa homenagem, já nos créditos, ao parceiro brilhante das trilhas sonoras, Alexandre Desplat. Vale a pena resistir às tentações e não se levantar da poltrona. É o resultado da aposta justa de prosseguir na valorização afetiva de sua equipe. 

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