Publicidade

Estado de Minas

Sapatilhas do bem


postado em 09/11/2012 08:08

O diretor artístico Jorge Teixeira com Juliana Couto (à frente, à direita) e o grupo que veio a BH(foto: Cláudio Cunha)
O diretor artístico Jorge Teixeira com Juliana Couto (à frente, à direita) e o grupo que veio a BH (foto: Cláudio Cunha)

Belo Horizonte já foi um dos principais polos de dança clássica no Brasil. Por uma série de motivos, como o fechamento de companhias públicas e privadas, o estilo deixou de acontecer como antes na capital. Mas permaneceram os admiradores. Prova disso é a repercussão dos balés de repertório que entram no circuito local. O recente sucesso da montagem de O Lago dos Cisnes, da Companhia Brasileira de Ballet, no Sesc Paladium, no mês passado, é um exemplo. “Nos meus sonhos mais dourados, achava que venderia meia casa. Dois dias antes da estreia, estava tudo esgotado”, diz Juliana Couto, uma das responsáveis por trazer a companhia carioca. Graças à repercussão, planejam um retorno ao mesmo palco em novembro, com O Quebra-Nozes. Mas o projeto por aqui é mais ambicioso.

 

A bem-sucedida turnê local da Companhia Brasileira de Ballet mexeu com os organizadores. Se existe mercado, público e gente interessada em aprender as técnicas clássicas, por que não pensar em oferecer o conhecimento e as técnicas também na capital? Assim surgiu o projeto de criação de uma versão do grupo em Belo Horizonte. De acordo com a proposta, num primeiro momento, que deve ocorrer até o início do próximo ano, acontecerá a seleção de 30 jovens carentes, entre meninas e meninos oriundos de projetos sociais. Todos serão parte do núcleo de formação profissional do grupo que, graças à parceria com a bailarina Danielle Ramalho, proprietária da Casa Centro de Arte Savassi, terão atividades diárias no espaço.

 

O diretor artístico da companhia, Jorge Teixeira, sonha alto. “Belo Horizonte é carente em dança clássica. Todas as nossas apresentações tiveram um ótimo público. No passado, vocês tiveram grandes escolas. Nosso projeto aí é grande e, se tudo der certo, a ideia é mudar a nossa sede para Minas. No Rio, já existe a companhia do Theatro Municipal, com uma grande troca com a cidade. Em BH, não.” Mas para o projeto sair do papel como imagina, o patrocínio é fundamental. “O nosso trabalho tem obtido sucesso dentro e fora do país. Somos a única companhia nacional de balé clássico com inúmeras turnês internacionais. O momento atual é de buscar um lugar para trabalharmos com mais tranquilidade. Quem sabe a companhia vira mineira e a gente passe a comer pão de queijo todo dia?”, imagina.

 

Apresentação na capital entusiasmou os bailarinos: cultivar a arte e investir na descoberta de novos valores para os palcos
 
 

Se os planos do diretor se concretizarem, o estado ganhará um reforço e tanto no mundo da dança. Fundada em 1967, no Rio de Janeiro, a companhia surgiu com o objetivo de cultivar a arte da dança e investir na descoberta de novos valores artísticos. Trata-se de um projeto artístico, didático e social, desenvolvido para promover e possibilitar o ensino, a prática e a profissionalização do balé clássico para crianças de todas as classes sociais. Atualmente, 42 bailarinos, em sua maioria vindos de projetos sociais brasileiros como Ciranda Carioca, Projeto Aprendizes e Muda Dança, integram o grupo. O trabalho tem reconhecimento internacional. “No ano passado, exportaram 18 bailarinos”, conta Juliana Couto. De tão entusiasta do projeto, ela, por aqui, cuidará da gerência de balé.

 

A chegada em definitivo da Companhia Brasileira na capital abre a possibilidade de ampliação das opções clássicas na agenda cultural. Repertório, o grupo tem de sobra. Ao longo de sua trajetória, já realizou versões completas de Giselle, Don Quixote e A Flauta Mágica. Grandes nomes do cenário da dança como Ana Botafogo, Vitor Luís, ambos do Municipal do Rio, além de Marianela Nuñez, do Royal Ballet, e Renata Pavan e Herman Cornejo, do American Ballet Theatre, fizeram parceria com os jovens dançarinos. “O trabalho é o melhor que existe hoje em dia na dança clássica profissionalizante para crianças e adolescentes vindos de projetos sociais. Não é só inclusão. Realmente, oferece formação aos que desejam ingressar em qualquer grupo do mundo”, diz.

Os comentários não representam a opinião da revista e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação

Publicidade